Catadores lançam campanha para construir galpão no lixão de Piripiri

Cooperativa fundada pelos profissionais atua no local há sete anos e carece de estrutura adequada

Categoria se reuniu e criou cooperativa para aumentarem a renda mensal (Foto: Reprodução/WhatsApp)

Eric Souza*
ericsouza@tvclube.com.br

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos, instituída pela Lei nº 12.305/2010, determina que os lixões a céu aberto de todo o país devem ser extintos até 2024. A um ano do fim do prazo, porém, a existência desses espaços está longe de ser erradicada, inclusive no Piauí.

Um dos lixões do estado está localizado em Piripiri, a 174 km de Teresina. A cidade faz parte dos 83,5% de municípios piauienses que não realizam coleta seletiva, de acordo com um levantamento realizado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI). Neste ano, os trabalhadores do local iniciaram uma campanha para construir um galpão e gerar melhores condições de trabalho.

Trabalhadores recolhem o lixo vindo da cidade e separam os materiais recicláveis (Foto: Reprodução/WhatsApp)

Em 2016, os catadores que trabalham no espaço se reuniram e criaram uma cooperativa para organizarem a categoria e aumentarem sua renda. No entanto, sem estrutura adequada e diante das quedas nos preços dos materiais recicláveis, os profissionais têm enfrentado uma série de dificuldades.

Daniele Lima atua no lixão de Piripiri há cinco anos, seguindo os passos da mãe e dos irmãos, que são catadores há uma década. Em entrevista ao Portal ClubeNews, ela explica como a cooperativa desenvolve suas atividades.

“Recebemos grandes quantidades de lixo vindas da zona urbana. Catamos o que é reciclável e ligamos para atravessadores virem comprar os materiais. Isso geralmente ocorre uma vez por mês”, detalha.

A falta de coletiva seletiva prejudica os catadores, que não dispõem de um galpão, caminhões ou mesmo prensas, principais reivindicações feitas pela categoria.

“Os atravessadores compram a um preço muito inferior do que o praticado pela indústria. Somos obrigados a nos sujeitar a eles porque não podemos prensar o material. Se pudéssemos, enviaríamos [à indústria] uma quantidade bem maior e seria mais vantajoso para ambas as partes”, aponta Daniele.

Cooperativa busca por melhores condições de estrutura e trabalho no lixão (Foto: Reprodução/WhatsApp)

Conforme a catadora, a Prefeitura de Piripiri envia, todos os meses, cestas básicas aos profissionais, mas não garante a estrutura necessária. Já os uniformes foram entregues aos trabalhadores uma única vez.

“Eles enviam 36 cestas para cada catador. Cada um tem sua família. Fica uma [cesta] por família [ao mês]”, esclarece.

Ela ressalta que, caso a cooperativa consiga construir um galpão, a Central de Cooperativas do Piauí prontificou-se a ceder uma prensa ao lixão do município.

“Não temos condições financeiras por enquanto, por isso lançamos uma campanha de doações. Sabemos que precisamos nos adequar ao prazo [da Política de Resíduos Sólidos]. Até lá, é apertar os cintos, colocar mais água no feijão e orar por dias melhores”, completa.

Portal ClubeNews entrou em contato com a Prefeitura de Piripiri e aguarda esclarecimentos sobre a situação dos catadores.

A campanha promovida pela cooperativa pode ser acessada por meio da plataforma Campanha do Bem. Os catadores também lançaram uma rifa em prol da construção do galpão no lixão de Piripiri. Mais detalhes no número (86) 99988-5815.

*Estagiário sob supervisão da jornalista Malu Barreto

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