Filha de agricultores, bióloga piauiense é aprovada em 1º lugar em doutorado na Fiocruz

Natural de Pio IX, Ramila Alencar conseguiu aprovação ainda no mestrado e fez projeto em um dia

Pesquisadora obteve a nota mais alta em um dos programas mais difíceis da Fiocruz (Foto: Arquivo pessoal)

Eric Souza*
ericsouza@tvclube.com.br

A bióloga piauiense Ramila Alencar, natural de Pio IX, a 430 km de Teresina, foi aprovada em primeiro lugar para o programa de doutorado em Epidemiologia da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Formada em Biologia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), em Picos, a pesquisadora conseguiu ingressar no doutorado antes mesmo de defender sua dissertação de mestrado, marcada para a próxima segunda-feira (24).

“Meu programa atual, ‘Saúde Pública e Meio Ambiente’, da Escola Nacional de Saúde Pública [ENSP] da Fiocruz, não abriu processo seletivo no meio deste ano. Ficar parada por seis meses não era uma opção para mim, pois vivo da pesquisa”, contou ao Portal ClubeNews.

No doutorado, Ramila vai aliar a epidemiologia a técnicas de inteligência artificial (Foto: Arquivo pessoal)

Em abril, a Fundação publicou um edital que contava com o programa de Epidemiologia, o qual trabalha com arboviroses (dengue, zika e chikungunya), tema abordado por Ramila desde a graduação. A jovem conversou com seu co-orientador e, após o incentivo deste, decidiu se inscrever.

“Fiquei muito enrolada com o mestrado e, quando percebi, faltava apenas cinco dias para as inscrições terminarem. Sentei em frente ao computador e desenvolvi meu projeto em um único dia. Ele [o co-orientador] disse que estava ótimo e fez pouquíssimas correções”, lembrou.

Para a surpresa da bióloga, o resultado da etapa de análise do currículo e do projeto revelou que ela havia conquistado a primeira colocação com uma nota 9,5. Apenas Ramila e outro candidato obtiveram uma pontuação acima de 9 em um dos programas mais rígidos e criteriosos da ENSP.

“No doutorado, vou continuar a adotar a linha de pesquisa da predição de casos de dengue e fatores associados por meio do machine learning, ou aprendizado de máquina, uma técnica de inteligência artificial. Meu objetivo é auxiliar a vigilância das arboviroses no Piauí e no Brasil”, explicou.

Mãe da bióloga foi uma das principais incentivadoras de sua carreira acadêmica (Foto: Arquivo pessoal)

Filha de agricultores de Pio IX, a pesquisadora perdeu o pai aos seis anos. Para ganhar uma renda extra, trabalhou como babá e deu aulas particulares desde os onze. Sua mãe, mesmo com dificuldades para sustentar a família, sempre a animou a estudar.

“Não me arrependo de nenhum dos vários sacrifícios que fiz para dar sequência aos estudos. Hoje colho os frutos dos meus esforços e da minha dedicação. A educação é o caminho para burlar esse sistema excludente que ceifa tantos talentos perdidos e escondidos”, ressaltou Ramila.

*Estagiário sob supervisão da jornalista Malu Barreto

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