Emanuel Pereira e Carlienne Carpaso
carliene@tvclube.com.br
O Movimento Ballroom ganha cada vez mais destaque ao promover bailes em diversos locais de Teresina. A iniciativa, caracterizada por competições de vários segmentos, como vogue, maquiagem e passarela, ainda não criou uma categoria para premiar grandes líderes.
Mesmo assim, conta com ativismo e coragem da travesti Tayomara Vieira, que utiliza a dança para expressar sua identidade e a força da população LGBTQIA+.
Tay, como também é conhecida, representa bem a essência do Movimento Ballroom, formado especialmente por travestis e mulheres transgênero negras e latinas. Mais que diversão e entretenimento, é um ato político e cultural, que simboliza a resistência de uma comunidade insatisfeita com sua marginalização.
Na terceira matéria especial da série “No Palco da Vida”, o Portal ClubeNews narra a trajetória artística de Tayomara Vieira. Ao resistir à transfobia e seguir o caminho da arte, a dançarina de 27 anos comprova que travestis e pessoas trans podem superar o preconceito para ocupar lugares de destaque na sociedade.
“IDENTIDARTE”
A artista é natural do município de Alto Longá, região Norte do estado, e veio morar na capital piauiense em 2018, onde teve seu primeiro contato com o mundo artístico.
Mesmo consciente dos riscos que poderia correr, a travesti enfrentou a intolerância e não teve medo de revelar sua essência. A arte foi um dos fatores indispensáveis para ela reafirmar sua identidade como membro da comunidade LGBTQIA+.
“Mesmo vivendo em uma cidade pequena eu nunca tive medo de mostrar quem eu era. Sempre soube que pertenço às artes, mas na minha cidade não tinha praticamente nenhum incentivo”, disse.
Em Teresina, Tay ingressou no curso de Letras/Espanhol, na Universidade Estadual do Piauí (UESPI), onde conheceu artistas do teatro e, assim, pôde se apresentar em alguns espetáculos locais. Esta experiência confirmou sua vocação artística e motivou a jovem a realizar seu sonho de se tornar uma grande dançarina.
“Em 2019, comecei a fazer curso técnico em dança na Escola Técnica Estadual de Teatro Prof. José Gomes Campos. Quando isso aconteceu, percebi que que sou uma bailarina e que a dança é minha grande paixão”, pontuou.
SER ARTISTA
Na escola de dança, Tayomara conheceu membros do Movimento Ballroom e logo se identificou com a proposta da iniciativa. Ela ingressou em uma das casas (denominação usada para grupos específicos da comunidade) e conquistou o cargo de “mãe”, um exemplo de liderança para os demais membros.
Segundo Tay, os bailes permitiram a travesti exibir seu talento como dançarina e notar o quanto as pessoas e o poder público desvalorizam os artistas locais. Para ela, os investimentos nos setores artístico e cultural não são acessíveis a todos.
“Os investimentos e projetos, às vezes, não chegam a todos os artistas, pois não abrem um espaço de verdade para todas as formas de arte. Além disso, penso que a maioria dos teresinense não se interessa pelo trabalho dos artistas locais”, frisou.
A dançaria ressalta que é necessária uma boa dose de loucura para decidir ser artista na capital do Piauí.
“Ser artista é ser louco, pois pensamos muitas vezes fora da caixa e porque, mesmo com todas as dificuldades, escolhermos sempre a arte”, concluiu.
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