No Palco da Vida: atriz usa artes cênicas para incentivar leitura em Demerval Lobão

Célia Lopez é professora de Literatura e usa a arte como instrumento de aprendizado para os seus alunos

Cena do filme Aurora (Foto: Arquivo pessoal)

Emanuel Pereira para Portal ClubeNews
emanuelpereira@tvclube.com.br

Era uma vez, uma menina teresinense que ficou encantada pelo universo das palavras. Quando estava na casa da sua vovó, a criança sentava à sombra do pé de manga para ler contos e historinhas infantis. Mal sabia ela que, ao imaginar as vozes e sentimentos de cada personagem, estava esboçando o seu lindo destino como atriz e educadora.

Não foi surpresa quando a menina, aos 10 anos, venceu um concurso de leitores na escola. Sua leitura dramática e bastante expressiva chamou a atenção das professoras e lhe rendeu seu primeiro prêmio como artista: uma boneca tão falante quanto ela.

Sua paixão pela Literatura Brasileira cresceu quando uma professora lhe apresentou o livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, do escritor Machado de Assis. Neste momento, ela teve a certeza de que a sala de aula era o seu lugar no mundo. Mas, para quem tem sede de conhecimento, sempre é possível ocupar outros espaços.

Por isso, ela logo tratou de cursar teatro na Escola Técnica Professor José Gomes Campos. Com muita dedicação, Célia Lopez consolidou seu nome no setor cultural e se tornou uma das maiores artistas do Piauí.

Agora, a menina cresceu e está com 47 anos. Continua firme no seu propósito como educadora e utiliza as artes cênicas para estimular a leitura entre crianças e jovens de Demerval Lobão-PI. Seja no teatro, na sala de aula ou “No Palco da Vida”, Célia compartilha seu talento e compartilha sua jornada inspiradora no mundo artístico.

DOCÊNCIA É ARTE

Projeto na escola de Demerval Lobão (Foto: Arquivo pessoal)

Célia iniciou sua carreira como educadora em 2006, em unidades escolares na zona rural da capital piauiense. Desde então, tomou consciência do seu papel de transformar a realidade social dos alunos por meio da literatura.

Porém, somente treze anos mais tarde, a atriz utilizou o encanto do teatro para os estudantes tomarem gosto pelo aprendizado. Com o Projeto “História em Cena”, ela se destacou como docente e proporcionou conhecimento por meio da arte.

“Os alunos tinham muitas dificuldades com a leitura e compreensão textual. Então, criei o projeto, que consistia na conversão de textos literários em peças teatrais durante as festividades escolares. As aulas de literatura ficaram mais atrativas após esta iniciativa “, disse.

A professora aproveitou esta oportunidade para explorar o folclore e as produções literárias piauienses. Os estudantes puderam conhecer a lenda do Cabeça de Cuia, assim como tiveram acesso a textos de Aci Campelo, um dos maiores dramaturgos do estado.

A pandemia da Covid-19 interrompeu as atividades do projeto. Célia deve retomá-lo após concluir seu mestrado em Letras na Universidade Estadual do Piauí (UESPI).

SER ARTISTA

Célia Lopez aproveita o mestrado para aprofundar seus conhecimentos sobre a arte, com a produção de uma pesquisa que relaciona a literatura com o cinema.

Seu currículo artístico também inclui trabalhos como produtora e diretora. Em 2016, atuou, dirigiu e produziu o filme “Aurora”, que estreou dois anos depois, no Teatro 4 de Setembro. Além disso, ela também fez parte do elenco de peças teatrais e musicais, como “Corredor Polonês” (2013-2015) e “Batalha do Jenipapo” (2014-2018).

Peça Corredor Polonês (Foto: Arquivo Pessoal)

Apesar da sua paixão pelas artes cênicas, ela teve de deixar sua carreira em segundo plano. “A falta de incentivos e de recursos para enveredar por este caminho me obrigou a fazer isso, mas sigo como uma estudiosa deste universo”, declarou.

Mesmo diante de um cenário em que os artistas locais ainda são pouco valorizados, a atriz acredita que a arte tem o poder de transformar realidades e romper estereótipos. Aliada à educação, é um instrumento indispensável à formação do caráter do ser humano.

“O artista compartilha suas criações, que devem provocar reflexões, despertar sentimentos, questionar ideias e promover mudanças sociais, pessoais e culturais. A arte é um complemento da educação e possui uma grande capacidade de humanizar as pessoas”, concluiu.

 

*Sob supervisão da jornalista Malu Barreto

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