Em 1995, o gaúcho Eduardo Borges trocou o clima temperado de Porto Alegre (RS) pelo intenso calor de Teresina, para deixar esta cidade ainda mais ardente com o ímpeto do seu talento. Filho de mãe piauiense, ele veio morar no bairro Pedra Mole, zona Leste da capital, aos 15 anos, quando deu início à difusão da cultura do hip hop pela arte do grafite.
O trabalho de Du Alemão, como é popularmente conhecido, está presente em locais movimentados de Teresina, como no Parque da Cidadania e no viaduto da Avenida Barão de Gurgueia, onde a massa acinzentada dos asfaltos e construções ganha vida com as cores e a criatividade das pinturas.
O intuito de promover valorização da arte foi abraçado pela capital do Piauí e, rapidamente, a vocação de Eduardo se tornou grande demais para permanecer em um só lugar. O gaúcho desbravou várias cidades do interior e do litoral piauiense, a fim de formar novos artistas por meio de oficinas de grafite.
No Palco da Vida, o artista também protagonizou momentos de desalento, quando precisou enfrentar seus problemas com uso de crack. Mas Eduardo não se rendeu às adversidades e transformou a arte em um aliado para virar esta página e escrever um novo capítulo à sua própria história.
Mais que um final feliz, ele busca, em cada segundo da sua jornada, inspirar jovens a seguirem o caminho da arte, para que o legado do seu trabalho se prolongue por muitas gerações.
Neste 24 de agosto, Dia do Artista, o Portal ClubeNews convida a todos para conhecer um pouco da trajetória do grafiteiro Du Alemão, o gaúcho que atravessou o Brasil com o objetivo colorir muros, construções e expandir a cultura do hip hop no Piauí.
GRAFITE E HIP HOP
Um dos primeiros contatos de Eduardo com o hip hop ocorreu quando ele ainda morava em Porto Alegre, ao participar de um grupo de dança, em 1992. Em seguida, ele conheceu o grafite e logo percebeu que deveria investir neste trabalho artístico.
Em Teresina, Du Alemão conheceu profissionais da área, estudou artes plásticas e deu início às oficinas de grafite, a fim de compartilhar seu conhecimento com jovens da cidade. Seu grande talento levou Eduardo a ministrar aulas no interior e no litoral do Piauí.
“Minha primeira oficina foi ministrada em 2003. Formei muitos jovens em mais de 50 oficinas de grafite em projetos e escolas em Teresina, Parnaíba, Campo Maior, Coivaras, Altos, Picos e outras cidades”, disse.
Dentre as iniciativas desenvolvidos pelo artista, os trabalhos produzidos por meio do projeto “Vai dar Certo” se destacam. Nos anos de 2016 e 2017, Eduardo conquistou o segundo lugar no Concurso de Grafite dos Folguedos, além de ser um dos articuladores da Lei 054/2017, que instituiu o dia 11 de agosto como data para celebrar o Hip Hop em Teresina.
A ARTE VENCEU!
O grafiteiro também enfrentou caminhos obscuros ao longo da sua jornada no mundo artístico. Um deles foi percorrido em 2014, quando Du Alemão teve problemas com o crack.
Felizmente, a arte trouxe Eduardo de volta à luz, para retomar ao seu propósito de incentivar a cultura do hip hop.
“Tive problemas com drogas e fiquei seis meses em tratamento em uma comunidade terapêutica em Pedro II. Eu pintava todos os dias e, ao concluir a terapia, fiz uma exposição dos meus trabalhos”, contou.
Após superar este episódio, o artista retornou ao trabalho, com realização de oficinas, participações em eventos e projetos. Apesar de todas as dificuldades, a arte prevaleceu e venceu.
SER ARTISTA
Outro desafio para consolidar a cultura do hip hop no estado é o preconceito. Du Alemão relata que as pessoas ainda não notaram o quanto esta arte pode se tornar um poderoso instrumento de transformação social.
“Ainda existe preconceito contra a arte urbana e isso causa desvalorização. Ainda carecemos de projetos que acreditem no potencial do hip hop para transformar a vida de muitos jovens na periferia”, comentou.
Ao definir o que significa ser artista, o gaúcho enfatiza que o ideal deste profissional não é apenas gerar entretenimento, mas também (des)construir pensamentos e opiniões por meio da arte.
“O artista mexe com a imaginação das pessoas, reivindica nossas lutas e interfere na sociedade. Temos o poder de sensibilizar o público, instigar sentimentos e promover a reflexão sobre nossa realidade”, concluiu.
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