Vale tudo: torcedores unem paixão pelo futebol a crenças, rituais e "manias"

Assistir sem camisa e rezar antes dos jogos fazem parte de hábitos de fanáticos pelo esporte

Recorrer à fé é uma opção frequente entre os torcedores (Foto: Antônio Fernandes/TV Clube)

Eric Souza*
ericsouza@tvclube.com.br

As crenças e rituais sempre fizeram parte da relação entre os torcedores brasileiros e o futebol. Os hábitos de traçar o sinal da cruz, cruzar os dedos, vestir a mesma camisa, assistir às partidas em um único lugar ou recorrer a amuletos como terços, imagens e figas não são raros na hora de apoiar a equipe favorita.

O consultor de vendas Lucas Fontenele, de 27 anos, é flamenguista fanático desde a infância graças à influência de um tio. Em dias de jogos do Flamengo, sobretudo os mais importantes, pode ser encontrado em frente à televisão, de pé e… sem camisa.

“Estendo a camisa do clube em cima do sofá, geralmente no mesmo local. Também costumo fazer a famosa figa em lances de perigo do adversário”, explica ao Portal ClubeNews.

Clube carioca é parte importante da vida e identidade de Lucas (Foto: Arquivo pessoal)

Para o consultor, essas “manias” deram resultado em ao menos três ocasiões: as conquistas da Copa do Brasil, em 2013 e 2022, e da Copa Libertadores, em 2019. “São formas de sentir-me presente no estádio e participar das campanhas”, acrescenta.

Já o corintiano Hélio Henrique, de 22 anos, apega-se à fé nas decisões do time paulista. Quem o visita às quartas ou aos domingos está acostumado a vê-lo em oração e com os olhos fixos na televisão.

“Rezo dois Pais-Nossos e duas Ave-Marias e estendo a camisa do Corinthians, com a estampa de São Jorge, no raque da TV. Coloco ainda uma imagem de Nossa Senhora e um porta-retrato de meu falecido pai. Sinto como se ele estivesse presente”, afirma.

Camisa de São Jorge e imagem de Nossa Senhora demonstram crença de corintiano (Foto: Arquivo pessoal)

O estudante conta que quase perdeu a final do Mundial de Clubes de 2012, conquistada pelo Corinthians em um domingo de manhã, devido à aula de catequese. Para não ficar de fora do momento histórico, fez uma promessa a Deus.

“Disse que rezaria dez Pais-Nossos e dez Ave-Marias se meu time fosse campeão. Felizmente isso aconteceu e cumpri o que prometi”, lembra.

Segundo o professor de Ciências Sociais na Universidade Estadual do Piauí (Uespi), Marcelo Reges, tais costumes podem ser entendidos como tentativas humanas de controlar o destino e minimizar resultados negativos.

“Esses fenômenos são fundamentais para a nossa espécie, que sempre buscou explicações metafísicas para os erros, as perdas e os prejuízos. Atribuir valor sentimental a uma camisa de time ou utilizar itens e elementos para impedir o fracasso da equipe traz conforto, esperança e confiança a quem os pratica”, esclarece.

*Estagiário sob supervisão da jornalista Malu Barreto

📲 Siga o Portal ClubeNews no Instagram e no Facebook.
Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp e Entre na nossa comunidade.
Confira as últimas notícias: clique aqui! 



∴ Compartilhar