
A relação de emprego ocorre entre pessoas que devem adotar o respeito como base para que o convívio no ambiente de trabalho seja possível. Por essa razão, algumas condutas são esperadas do empregado e do empregador.
O empregado deve sempre cumprir as determinações do empregador, desde que estejam dentro da lei e do contrato. Já o empregador, embora tenha o direito de exigir um serviço bem-feito e de reclamar pela não realização de forma correta, não deve humilhar o empregado quando da cobrança da atividade.
A partir dessa compreensão pelas duas partes, surgem algumas dúvidas: qual o limite entre exigir o serviço com qualidade e tratar o empregado com rigor excessivo? Como chamar atenção do empregado sem que ele se sinta humilhado? A resposta não é tão simples assim, pois há possibilidade concreta do empregador exceder nas suas chamadas de atenção do empregado, tornando o ambiente de trabalho desagradável e constrangedor para o empregado.
A repreensão deve ser feita de forma construtiva, ou os empregados poderão alegar na justiça o dano por ter sido tratado com rigor excessivo, conduta que possibilita o rompimento do contrato por culpa do empregador, a chamada rescisão indireta. O empregado pede o desligamento por não mais suportar as humilhações no ambiente de trabalho.
Então, como chamar a atenção do empregado?
Vou dar algumas dicas que poderão ajudar na conduta que o empregador pode ter quando entender ser necessário reclamar com o empregado:
1. Acalme-se antes de repreender um funcionário. Se você descobrir algo de errado que o empregado tenha feito, dê um tempo para se acalmar antes de discutir o ocorrido com ele;
2. Lembre-se de que ele é seu empregado e não é obrigado a ouvir palavras que o constranjam;
3. Reclame do seu empregado discretamente em seu escritório ou outro lugar reservado;
4. Evite fazer reclamações em frente dos colegas de trabalho dele, em especial, quando essas reclamações podem constranger o empregado;
5. Mantenha o mesmo tratamento com todos os empregados. Jamais permita uma conduta para uns empregados e para outros, não;
6. Evite gritar com os funcionários. Cuidado com seu tom, pois este pode imprimir impacto ruim no ambiente de trabalho;
7. Use as palavras com prudência. Jamais utilize expressões como “burro”, “incapaz”, “improdutivo”, “incompetente”;
8. Dê a ele uma chance de contar o lado dele da história. Você sempre vai ter a possibilidade de aplicar as punições previstas em lei, como advertência, suspensão e até demissão com justa causa.
Apesar de toda essa prudência do empregador, o que fazer quando o empregado permanece com condutas inadequadas?
Tente agir de forma racional, evitando, assim, ações judiciais caso o empregado permaneça com as mesmas condutas. Uma forma eficaz é tomar atitudes rápidas para evitar que a situação se agrave; por exemplo, punindo o empregado com as penalidades permitidas por lei. Avalie a situação e decida como agir de forma mais razoável.
Não esqueça de documentar o comportamento do empregado. É comum o empregador repreender o empregado com palavras e não de forma escrita. O ideal é descrever esse comportamento, escrevendo exatamente o que ocorreu. Cuidado para não colocar no documento sua opinião pessoal sobre o ocorrido. Isso não interessa nos tribunais caso o empregado processe a empresa por um constrangimento. Evite, por exemplo, colocar no documento que o empregado agiu de forma ruim; isso é sua opinião.
E se o empregador tratar o empregado com rigor excessivo, o que ele deve fazer?
O empregado poderá pleitear a extinção do contrato por justa causa do empregador e, ainda, buscar a devida indenização quando for tratado pelo empregador ou seus chefes com rigor excessivo. O rigor excessivo se caracteriza com maus tratos, falta de cortesia, punição desproporcional ou injusta do empregador ao empregado, cobranças excessivas, palavras humilhantes, tratamentos diferentes entre os empregados.
O melhor, então, é que as duas partes busquem trabalhar com respeito e, se entenderem não mais ser possível o convívio no ambiente de trabalho, que extingam o contrato de forma mais passível.