Piauí registra mais de 110 cirurgias bariátricas em 2023; confira critérios e cuidados

Procedimento indicado a pacientes obesos é realizado pelo SUS em dois hospitais de Teresina

Cirurgia bariátrica realizada pelo Dr. Antônio Moreira (Foto: Arquivo pessoal)

Eric Souza*
ericsouza@tvclube.com.br

O Piauí registrou, apenas neste ano, mais de 110 cirurgias bariátricas realizadas no Hospital Getúlio Vargas (HGV) e no Hospital Universitário (HU), ambos vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS) e sediados em Teresina.

Indicado a pacientes com obesidade grave, cujos Índices de Massa Corporal (IMC) estão acima de 35 kg/m² – com comorbidades – ou 40 kg/m², o procedimento altera o formato original do estômago, reduz a capacidade do órgão de receber alimentos e dificulta a absorção exagerada de calorias.

Segundo o médico cirurgião Gustavo Santos, responsável pelo serviço no HU, o processo envolve, além da intervenção cirúrgica, um atendimento multidisciplinar com endocrinologistas, nutricionistas, fisioterapeutas, psiquiatras e enfermeiros, dentre outras especialidades.

“Os pacientes devem, inicialmente, dirigir-se a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou posto de saúde e pedir o encaminhamento ao ambulatório de bariátrica. A primeira consulta avalia se se enquadram nos critérios cirúrgicos”, explica ao Portal ClubeNews.

Hospital Universitário e Hospital Getúlio Vargas (Foto: Divulgação/Portal ClubeNews)

Em caso positivo, há a realização de exames pré-operatórios e a obtenção de pareceres da equipe multiprofissional. Depois, os interessados em serem submetidos à cirurgia devem retornar ao cirurgião para entrar na fila da operação.

No Brasil, há duas técnicas regulamentadas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM): o sleeve, ou manga gástrica, e o by-pass, conforme elenca o médico cirurgião Antônio Moreira, que atende na rede particular de saúde.

“A primeira apenas reduz o volume gástrico, em torno de 75%, conferindo ao estômago uma forma tubular. Já a segunda opera também uma mudança na anatomia do intestino delgado. Assim, o alimento chega mais rápido às porções finais e, consequentemente, gera uma área sem trânsito alimentar, que diminui a absorção de nutrientes”, pontua.

Cirurgia e mudança de hábitos

Há seis anos, a analista de perfil comportamental Gabriela Martins optou por realizar a cirurgia sleeve, que retirou uma parte de seu estômago. Após alcançar 113 kg, decidiu recorrer ao procedimento para retomar a massa corpórea que apresentava na adolescência.

“Eu não tinha mais energia nem para calçar uma sandália, pedia ao meu esposo. Foi um momento muito triste em minha vida, fiquei depressiva, não conseguia fazer uma atividade física. Disse para mim mesma que precisava tentar algo diferente, pois estava tão obesa que era necessário um resultado mais rápido”, relata ao Portal ClubeNews.

Gabriela antes e depois da cirurgia bariátrica (Foto: Arquivo pessoal)

No caso de Gabriela, além do passo a passo comum a todos os pacientes – exames, dieta restritiva, avaliação psicológica e cirurgia -, houve um problema que, por vezes, ocorre no período pós-operatório: a formação de um edema, inchaço causado pelo acúmulo de líquido entre tecidos e cavidades.

“Não conseguia comer nem beber água, vomitava tudo. Busquei outro cirurgião e ele passou um exame, que confirmou a presença do edema. Tomei a medicação indicada e, finalmente, fiz a transição da alimentação líquida para a pastosa e, depois, para a sólida”, recorda.

A analista aponta que, em torno de oito meses, graças às dietas prescritas por uma nutricionista e às atividades físicas, emagreceu cerca de 40 kg. Posteriormente, Gabriela lidou com reganho de peso, mas continua a ser acompanhada por profissionais da saúde.

“Ao invés de realizar uma nova bariátrica, quero tentar reduzir minha massa somente com a alimentação e o exercício. Espero chegar ao meu objetivo, me entender, compreender e mudar meus hábitos para toda a vida. Procurar qualidade de vida e não, simplesmente, a magreza só pela parte física”, completa.

*Estagiário sob supervisão da jornalista Malu Barreto

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