O Portal ClubeNews publica o relato de uma vítima de violência doméstica que viveu por anos calada. Hoje viúva, Dona Maria, como prefere ser identificada, disse que, na sua juventude, não tinha muitas opções para denunciar o agressor. Idosa, de 63 anos, ela carrega histórias dolorosas.

Hoje, no dia Internacional da Mulher, ela buscou assistência no Dia D da campanha SOS Mulher – promovida pela Rede Clube – para resolver pendências nos documentos pessoais. No entanto, aproveitou para reforçar a corrente pelo fim da violência doméstica. A ação social acontece na Praça da Bandeira, no Centro de Teresina, das 8h às 13h.

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“Foi muito difícil para mim. Primeiro, que nasci em uma família muito pobre, casei ainda criança com uma pessoa que eu não suportaria. Eu não suportava nem um pouco, mas levei minha vida”.

Com ele, dona Maria teve quatro filhos. Aceitou a vida que lhe foi emposta, como acontecia com muitos casamentos.

“Desde quando eu me casei, eu sofria violência física e mental. Ele me botava para baixo. Ele fazia eu carregar tanto sofrimento que eu não vivia”.

“Estamos em 2024, mas EM  2022 eu vi uma foto minha e disse ‘meu Deus, como eu era linda, porque eu não aproveitei minha vida, eu era muito linda'”.

“Fui agredida, fui parar em hospital, levei ponto. Ele se separou de mim por outra mulher, foi embora, fiquei com meus filhos, criei os filhos de tudinho”.

Com o fim do primeiro relacionamento, dona Maria achou que viveria uma relação tranquila. No entanto, se viu em outra relação de abuso.

“Uma pessoa chegou na minha casa e, de repente, aconteceu. Eu vivi novas agressões. Como eu já tinha vivido na passada, o sofrimento desse outro me levou a fazer tratamento psiquiátrico, porque eu fiquei de um jeito que perdi toda alegria, todo brilho. Eu não tinha vontade de viver, não tinha vontade de ver ninguém. Não queria sair, era trancada dentro de casa”.

“Minha filha me mandou para outra cidade, para ficar lá sozinha; fazendo tratamento há três anos. Hoje eu estou me sentindo bem, estou me sentindo melhor, estou com mais força, já estou conseguindo me controlar em tudo”.

ASSISTÊNCIA

Dona Maria conta que não chegou a denunciar os maridos.  Ela conta que, na época do sofrimento diário na presença dos ex-companheiros, não tinha a assistência policial, social e jurídica que existe hoje.

“Nesse tempo não existia Delegacia da Mulher, não existia proteção à mulher, não existia nada, você morria sofrendo dentro de casa. Uma amiga minha até se matou, tinha tanto sofrimento. Hoje que tem lei para mulher, mas no meu tempo não tinha, você tinha que sofrer calada, aguentar tudo, ser violentada, estrupada dentro de casa”.

NÚMEROS DE EMERGÊNCIA PARA LIGAÇÃO – o atendimento telefônico é gratuito e imediato. 

– Polícia Militar do Piauí: ligue 190 (funciona 24h)

– Central de Atendimento à Mulher: ligue 180 (funciona 24h)

– Guarda Civil Municipal de Teresina: ligue 153 (funciona 24h)

– Patrulha Maria da Penha, da Polícia Militar do Piauí: ligue (86) 9528-3835 ou 190 (funciona 24h)

APLICATIVO  Salve Maria disponível nas lojas de Aplicativo Apple Store e Google Store.

PROTOCOLO “Ei, mermã, não se cale!” – Telefone: 0800 000 1673

SOS MULHER 

A Rede Clube promove a segunda edição da Campanha SOS Mulher, que fortalece a corrente de proteção às vítimas de violência doméstica.  Do dia 4 a 8 de março, uma série de reportagem especiais exibidas nos telejornais e no Portal ClubeNews provocaram o debate na luta pelo fim da violência contra a mulher.

Nesta sexta (8), Dia Internacional da Mulher, o Dia D da campanha aconteceu na Praça da Bandeira, no Centro de Teresina, e ofertou diversos serviços às mulheres, desde cuidados com a saúde à orientação jurídica.

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