Cerca de 3 mil substâncias químicas a mais estão presentes em embalagens plásticas de alimentos, brinquedos e dispositivos médicos. É o que revela o relatório realizado por uma equipe de cientistas europeus, que foi publicado na quinta-feira (14). O levantamento sobre as questões de poluição e segurança do consumidor identificou 16 mil substâncias químicas em plásticos. Um quarto das quais é considerado perigoso para a saúde humana e o meio ambiente.

Os dados revelam um aumento em relação à pesquisa feita pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), que, anteriormente, encontrou 13 mil substâncias. O trabalho foi financiado pelo Conselho Norueguês de Pesquisa e a sua divulgação ocorre no momento em que negociadores governamentais buscam elaborar o primeiro tratado do mundo para combater a crescente poluição plástica, já que cerca de 400 milhões de toneladas de resíduos plásticos são produzidos todos os anos.

“Para solucionar de forma robusta a poluição plástica, é preciso analisar o ciclo de vida completo dos plásticos e abordar a questão das substâncias químicas”, disse a coautora do relatório Jane Muncke, diretora administrativa do Food Packaging Forum, organização suíça sem fins lucrativos.

A análise é feita porque as substâncias químicas plásticas podem contaminar a água e os alimentos, impactando os seres humanos. Entres as consequências, estão os problemas com fertilidade e doenças cardiovasculares. “Quando analisamos os produtos que usamos diariamente, geralmente encontramos centenas, se não milhares, de substâncias químicas em um produto plástico individual”, afirmou o autor principal Martin Wagner, toxicologista ambiental da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia.

Conforme o estudo, mesmo que o setor de plásticos afirme que qualquer tratado global deveria promover a reciclagem e a reutilização de plásticos, o fato de abordar apenas os resíduos plásticos não é suficiente para proteger as pessoas. Os cientistas apontaram a necessidade de maior transparência sobre quais substâncias químicas estão sendo usadas em plásticos – incluindo produtos reciclados.

Um quarto das substâncias químicas levantadas não quaisquer informações acerca de sua identidade química básica, afirma o relatório. “Muitas vezes, os produtores não sabem realmente que tipo de substâncias químicas contêm os seus produtos e isso provém de cadeias de valor muito complexas.”