
Os casos de violência sexual infantil são cometidos, em sua maior parte, por conhecidos das vítimas. A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí (OAB-PI), revela que os dados configuram 70% das situações.
As estatísticas fazem parte de um levantamento de informações junto aos órgão públicos, o qual o intuito é facilitar a promoção de políticas públicas em prol das crianças e adolescentes violentadas.
É o que explica o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente, Rogério Almeida. “Com essas informações em mãos, o Poder Público vai poder traçar novas políticas públicas, programas e projetos que possam atender essa demanda do momento”, diz.

Além de ser um delito com caráter cultural, algumas das características que agravam a perpetuação desses crimes no país é a falta de desinformação e o medo de represálias contra os familiares, fator que dificulta a denúncia.
“Há muita desinformação. Há muito medo de que a família possa ser agredida, que essa criança pode ser violentada, e também tem uma questão cultural. Achar que isso vai ser resolvido dentro de casa, esses assuntos ninguém divulga. Esse crime vai se perpetuando, infelizmente, de geração a geração”, fala.
Em favor ao enfrentamento dessas transgressões, é comemorado, em 18 de maio, o dia de enfretamento ao abuso e à exploração sexual infantil no Brasil, e realizada a campanha “Maio Laranja”.
A OAB-PI promove, durante o mês todo, ações de conscientização e diálogo em diversas zonas da capital. Os espaços são promovidos em associações de moradores, escolas e órgãos variados. “A OAB, através de suas diversas comissões, ela vai, às escolas, à comunidade, aos alvos de segurança pública, dialogar, discutir, fazer palestras e acompanhar a cada denúncia e cada caso que acontece”, esclarece.
O presidente ressalta também o acompanhamento dos casos de desaparecimentos, pois há riscos de estarem relacionadas às recorrências de abuso sexual.
“Nós também estamos em conversação com a Secretaria de Segurança, com o Governo do Estado, para que o desaparecimento de criança e adolescente seja melhor acompanhado pelo poder público no Piauí, porque é uma forma também de extensão desse crime de abuso sexual”, avalia.
Denúncia
As suspeitas de tais crimes podem ser denunciadas por meio dos canais:
– Conselho Tutelar;
– Ministério dos Direitos Humanos (Disque 100);
– Polícia Militar (190);
– Ouvidorias da OAB-PI, Ministério Público e Tribunal de Justiça
Cuidados e ensinamentos podem ajudar a evitar a violência, alerta especialista
O psicólogo Carol Costa afirmou que o abuso pode acontecer de várias formas e que nem sempre a criança consegue compreender o que está acontecendo e só processa que aquilo vivido foi uma agressão, tempos depois. Ela ressalta que o fato de o abuso, muitas vezes, acontecer dentro de casa, dificulta bastante o combate e a prevenção. Por isso, alguns cuidados e ensinamentos podem ajudar a evitar a violência.
“Um olhar, um gesto, um toque, isso também é abuso, causa também abalo psicológico e as sequelas em crianças que sofrem esse tipo de abuso muitas vezes são irreversíveis. São sequelas psicoemocionais que vão ferir e marcar a vida dessa pessoa muitas vezes para sempre, por isso que se trata de um trabalho voltado não só de conscientização, mas também de resgate dessas crianças” afirma.
Veja dicas da especialista de como prevenir e identificar o abuso infantil.
Ensinar à criança sobre as partes íntimas do corpo
Identificando o que é íntimo, elas podem relatar aos pais quando algo fora do comum acontecer.
Explicar sobre os limites do corpo
Ensine a criança a não permitir que ninguém toque as suas partes íntimas, ou ainda, que ela não toque nas partes íntimas de nenhuma pessoa, seja ela conhecida ou desconhecida.
Incentive a criança a conversar com você
A criança de se sentir segura, entender que segredo não é coisa boa para lhe contar qualquer coisa, inclusive uma situação de abuso., por isso, a criança nunca deverá ser punida, criticada ou castigada por contar qualquer coisa sobre o seu corpo.
Saiba com quem seu filho anda e o que ele está fazendo
Muitos dos casos de abuso infantil acontecem quando uma criança passa horas sozinha com um adulto. Se for preciso deixá-lo por horas com um adulto ou um adolescente responsável, tenha meios de vigiá-los
Analise a reação da criança
Sempre analise a reação da criança. Se ela demonstra não ter afeição por alguém próximo, que ela teoricamente deveria desenvolver afeto, tente entender o motivo.
Identifique os possíveis sinais de um abuso
é possível que a criança tenha alterações no seu comportamento, como: irritação, ansiedade, dores de cabeça, alterações gastrointestinais frequentes, rebeldia, raiva, introspecção ou depressão, problemas escolares, pesadelos constantes, xixi na cama e presença de comportamentos regressivos (por exemplo, voltar a chupar o dedo).
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