Autismo: motivações e comportamentos no contexto do comportamento sexual compulsivo

Compreender as motivações subjacentes a esses comportamentos é crucial para desenvolver estratégias de tratamento eficazes.

Autismo e sexualidade – Foto: Reprodução

O comportamento sexual compulsivo (CSBD) é uma condição complexa definida pela Classificação Internacional de Doenças, 11ª Revisão (CID-11), como um transtorno de controle de impulsos.

Este transtorno se caracteriza por comportamentos sexuais repetitivos que os indivíduos têm dificuldade em controlar, resultando em problemas sociais e emocionais significativos. Compreender as motivações subjacentes a esses comportamentos é crucial para desenvolver estratégias de tratamento eficazes.

Tipos de Motivação por Trás do Comportamento Sexual Compulsivo

A Teoria da Autodeterminação (SDT) categoriza a motivação sexual em diferentes tipos que variam da motivação intrínseca (sexo por prazer) à amotivação (falta de interesse ou controle sobre o comportamento sexual). No contexto do CSBD, indivíduos podem apresentar diversas motivações, como:

1. Motivação Integrada

Envolvimento em comportamento sexual porque ele é visto como parte integrante da identidade do indivíduo.

2. Motivação Identificada

Sexo é percebido como uma parte saudável e essencial da vida, apesar das dificuldades de controle.

3. Motivação Introjetada

A obtenção de autoestima através do sexo, onde o comportamento sexual é impulsionado por uma necessidade interna de validação.

4. Motivação Externa

Realização de atos sexuais para evitar consequências negativas ou para atender expectativas de outros.

Um estudo abrangendo uma grande amostra da Alemanha e Hungria revelou uma forte associação entre essas motivações e o comportamento sexual compulsivo. Indivíduos com CSBD frequentemente apresentam uma falta de controle e desinteresse em outras atividades, mas também podem ser motivados por razões integradas, introjetadas e intrínsecas.

Isso sugere que o comportamento sexual compulsivo pode estar enraizado tanto na identidade quanto em mecanismos de enfrentamento ou busca de prazer.

A Frequência de Fantasias Sexuais Agressivas e a Agressão Sexual

A ligação entre a frequência de fantasias sexuais agressivas (ASFs) e a agressão sexual é um campo de estudo vital para compreender comportamentos sexuais violentos. ASFs são pensamentos que envolvem causar dano a outros para obter excitação sexual e são relativamente comuns. A pesquisa focou em vários aspectos dessas fantasias:

1. Frequência das ASFs

A frequência com que indivíduos experimentam fantasias sexuais agressivas foi o preditor mais consistente de agressão sexual. A alta frequência dessas fantasias está fortemente associada a um aumento do risco de comportamento sexual agressivo.

2. Elaboração das Fantasias

A profundidade e a complexidade com que essas fantasias são desenvolvidas também desempenham um papel importante, indicando que quanto mais detalhada a fantasia, maior a probabilidade de comportamento agressivo.

3. Intrusão das Fantasias

Embora a intrusão (pensamentos intrusivos sobre fantasias sexuais agressivas) não tenha sido diretamente associada à agressão sexual, pode estar relacionada a problemas de internalização, como ansiedade e depressão.

4. Preocupação com as Fantasias

A preocupação ou o grau em que os indivíduos se preocupam com essas fantasias teve relevância limitada, mas a frequência das ASFs continuou sendo um fator preditivo significativo.

Estudos subsequentes analisaram as ASFs em diferentes contextos, como durante a vida cotidiana, masturbação e relações sexuais, e o impacto do consentimento imaginado nessas fantasias. Em todos os contextos, a frequência das ASFs permaneceu o fator mais significativo na previsão da agressão sexual, superando o impacto do consentimento imaginado.

As descobertas sobre motivações e fantasias sexuais agressivas oferecem insights cruciais para o tratamento e a compreensão do comportamento sexual compulsivo. Reconhecer a diversidade de motivações que levam ao CSBD e a relação entre fantasias sexuais agressivas e agressão sexual é fundamental para criar intervenções mais eficazes.

Profissionais de saúde e pesquisadores podem usar essas informações para desenvolver abordagens terapêuticas que abordem tanto os aspectos comportamentais quanto as motivações subjacentes ao comportamento sexual compulsivo. Além disso, o reconhecimento da importância da frequência e elaboração de fantasias sexuais agressivas pode ajudar na criação de programas de prevenção e tratamento para reduzir a incidência de agressão sexual.

O desenvolvimento contínuo de pesquisas nesta área é essencial para aprimorar nossa compreensão e nossa capacidade de ajudar indivíduos que lutam com comportamentos sexuais compulsivos e agressivos, promovendo um ambiente mais seguro e saudável para todos.

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