O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) é um distúrbio complexo que impacta a maneira como um indivíduo pensa e sente sobre si mesmo e os outros. Pessoas que possuem o transtorno frequentemente enfrentam oscilações emocionais intensas, sentem uma profunda insegurança sobre quem são e têm uma grande sensibilidade à rejeição ou abandono, real ou imaginado.
De acordo com a psicóloga Mariana Nascimento Costa, o Borderline inclui também o medo intenso de abandono, sentimentos de vazio, raiva intensa e dificuldade no autocontrole que podem colocar em risco a própria vida ou a vida de outras pessoas.
“Devido a constante oscilação de emoções durante o dia e a sensação de vazio, os relacionamentos dos pacientes são sempre muito conturbados, afetivos e de trabalho. No geral, estas pessoas apresentam pensamentos autodestrutivos e comportamentos de riscos, que podem ser desde dirigir em alta velocidade, consumir medicações em excesso e não avaliar a segurança do local onde vai”, explica a psicóloga.
Diferente da bipolaridade que apresenta episódios de mania (euforia, energia excessiva) e depressão, a TPB leva a mudança entre a raiva à tristeza de forma muito rápida. Esses episódios comprometem o dia a dia dos pacientes e causam grande sofrimento.
Tratamentos
Para o tratamento de pacientes com o Borderline, o acompanhamento psicológico e psiquiátrico é essencial. Além disso, o treino de habilidade sociais baseado na Terapia Dialética Comportamental (DBT) demonstra ser particularmente eficaz no manejo dos sintomas. Ela foca no desenvolvimento de habilidades para regular emoções, melhorar relacionamentos interpessoais e reduzir comportamentos autodestrutivos.
Segundo a psicóloga, a DBT realiza o treino de habilidade por modos de tratamentos, dentre eles a terapia individual e o treinamento intensivo, onde o paciente apresenta grande dificuldade no controle dos comportamentos impulsivos. Nesse caso, o paciente participa das sessões individual semanalmente e também de sessões do treino de habilidades em grupo.
“Inicialmente, ao realizar o diagnóstico do transtorno, nós fazemos a avaliação desse paciente para saber quais são as dificuldades dele. Então, começa o treino de habilidades, com o módulo de mindfulness, onde ele vai aprender a viver o momento presente. Depois, o módulo de tolerância, quando ele começa a aprender de forma prática a lidar com as emoções acumuladas”.
Em alguns casos, o uso de medicamentos sob orientação psiquiátrica pode ser indicado para ajudar e diminuir as oscilações emocionais dos pacientes.
Preconceitos
O TPB ainda é cercado de estigmas, muitas vezes devido à falta de compreensão sobre a doença. Pessoas com o transtorno são frequentemente rotuladas como “difíceis” ou “manipuladoras”, o que pode levar à discriminação e ao isolamento social.
A psicologa explica que os familiares que convivem com pacientes diagnosticados precisam também de suporte e orientações. Alguns desses tratamentos são voltados para adolescentes, em que pais e responsáveis participam também das sessões de treinamentos.
“O treino de habilidades procura ajudar esses pais e esses pacientes a terem também um melhor relacionamento, a conseguirem conviver com o transtorno. Porque o Borderline ele não tem uma cura, ele tem um tratamento. Ao realizar o acompanhamento com os profissionais adequados, os comportamentos de risco que comprometem o dia a dia vão diminuindo”.
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