100 anos do Dia das Crianças: conheça a origem da data

Data nasceu de um projeto aprovado pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, e assinado como decreto em novembro de 1924

Fotos de crianças publicadas em 1924 pela revista infantil “O Tico-Tico” (Foto: Biblioteca Nacional Digital/Agência Senado)

Neste sábado (12), é celebrado o Dia das Crianças, a data nasceu de um projeto aprovado pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, e assinado como decreto em novembro de 1924 pelo presidente Arthur Bernardes. O nome era Festa da Criança.

A origem da data não atendia aos interesses comerciais dos fabricantes e das lojas de brinquedos. Em vez disso, incitava a sociedade e o poder público a cuidar da educação, da saúde e do bem-estar das crianças. Na época, a infância não tinha direitos básicos.

Antes de 1924, no Brasil, o Dia da Criança era comemorado informalmente em 2 de outubro, data em que a Igreja Católica celebra o Dia dos Anjos da Guarda.

Conforme o pedagogo Moysés Kuhlmann Júnior, professor da Universidade de Brasília (UnB) e autor de livros sobre a história da infância e da educação no Brasil, a preocupação com as crianças, de acordo com Kuhlmann Júnior, foi um processo ambíguo, com duas facetas bem diferentes.

Por um lado, houve a divulgação de cuidados básicos, mas até então pouco conhecidos, que beneficiaram toda a infância brasileira. Por outro lado, o cuidado com as crianças também teve o objetivo de manter as camadas mais pobres da sociedade longe da criminalidade e de rebeliões populares e garantir a formação da mão de obra necessária para a agricultura, que ainda era o motor da economia brasileira, e a indústria, que já se desenvolvia.

O historiador James Wadsworth, professor da Faculdade Stonehill, nos Estados Unidos, e pesquisador da assistência à infância brasileira, lembra que foi nesse momento de urbanização rápida, industrialização, imigração, epidemias, alta mortalidade infantil e agitação social e política que surgiu o discurso de que as crianças eram “o futuro da nação”.

“Mais especificamente, as crianças pobres, por causa de sua força de trabalho potencial. Sendo o futuro da nação, elas deveriam ser cuidadas diretamente pelo Estado — ele diz. — O Estado, então, assumiu o papel de pai para disciplinar e educar essas crianças de modo a produzir uma mão de obra dócil, saudável e produtiva para substituir a perda do trabalho escravo e evitar a suposta influência negativa do trabalho imigrante que inundava o Brasil.”

Nos primeiros anos, as celebrações do Dia da Criança incluíam concursos de robustez infantil, visitas ao jardim zoológico, filmes gratuitos nos cinemas, desfiles de escoteiros, jogos de futebol, missas especiais, doação de roupas e brinquedos às crianças pobres e até mesmo ações de valorização do trabalho infantil.

Segundo ele, foi a década de 1960 que passou a prevalecer a associação do Dia das Crianças aos presentes e a data ganhou o sentido comercial que permanece até hoje.

(Foto: Agência Senado)

 


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Fonte: Agência Senado


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