Dezenove detentos fugiram da Penitenciária Irmão Guido, na zona Sul de Teresina, na noite da segunda-feira, 11 de novembro de 2024. Neste ano, esta foi a terceira fuga de detentos em unidades prisionais do Piauí.

Em janeiro, seis detentos fugiram da Penitenciária Capitão Carlos José Gomes de Assis, antiga Casa de Detenção Provisória (CDP), localizada em Altos (PI). No mês seguinte, em fevereiro, 17 presos fugiram da penitenciária Dom Abel Alonso, em Bom Jesus, todos os detentos estavam em uma única cela.

Em entrevista à Clube News FM, o Diretor jurídico do Sindicato dos Policiais Penais, Vilobaldo Carvalho, detalhou que durante a reforma, da penitenciária, foram construídas saídas de ventilação que levantaram a possibilidade de servirem como um meio de fuga para os presos.

“Podemos dizer que foi uma fuga em massa, pela quantidade de presos. Quando ocorre uma fuga, em regra, é uma sequência de falhas que aconteceram antes e resultaram nessa fuga. Na penitenciária, que tinha uma estrutura muito ruim, vem acontecendo uma reforma que está no final. Inclusive, no início da reforma, foi criada uma ventana para facilitar uma ventilação e nós já observamos que aquilo era um problema, na época foi feito um relatório sobre isso”, explicou.

Segundo a Secretaria de Justiça do Piauí (Sejus), os detentos escaparam da prisão pelas aberturas de ventilação. As forças de segurança fazem buscas para encontrar os outros fugitivos e encaminhá-los de volta à penitenciária.

“O que ficamos sabendo foi que ficaram equipamentos da obra, inclusive uma serra. Há indícios de que usaram essa ferramenta para serrar as grades da ventana e só tinha um policial militar. Então quando os policiais militares foram acionados ainda conseguiram captar um dentro dos muros da penitenciária”, comentou.

Conforme o diretor, há informações de que a unidade enfrenta uma superlotação, são 656 presos, apesar da ampliação de vagas com a reforma. Ele acrescenta, que há um baixo efetivo

“Não deveria mais haver policial militar em unidade prisional. Nós temos uma emenda constitucional que foi aprovada e que criou a polícia penal que serve para garantir a segurança nas unidades. Mas como há uma carência de profissionais, os policiais militares ainda são chamados para essas unidades prisionais. Alguns dizem que eles realizam um trabalho na parte externa, mas na Irmão Guido é na parte interna”, detalhou.

Distribuição de policiais penais no Piauí 

Dados da Secretaria de Justiça, apresentados pelo diretor, mostram que em janeiro de 2023 haviam 5442 presos nas unidades, em novembro de 2024 os números saltaram para 7234. Cerca de 830 policiais penais, distribuídos em diferentes atividades.

“Acaba sobrando uma carga muito pesada para os plantonistas. O que tem sustentado o sistema são as planejadas, isto é, compra da folga do policial penal por um baixo valor, mas isso continua sendo feito porque sabem que se deixar de fazer a situação piora ainda mais. Nós temos reclamado reiteradamente à Secretaria de Justiça no sentido de reduzir atividades aos próprios policiais penais”, pontuou o diretor.

Ainda segundo o diretor Vilobaldo Carvalho, é importante que os policiais penais trabalhem em boas condições e com quantitativo adequado nas penitenciárias do estado.

“É importante que quem foi preso permaneça preso, há uma determinação legal que precisa ser cumprida e deve haver efetividade. Precisamos pensar na reintegração social, porque é importante que o preso saia melhor do que ele entrou para não voltar a cometer crimes na sociedade. Além disso, temos que pensar que o policial penal estando em boas condições, inclusive questão salarial, ele possa prestar um trabalho com eficiência e efetividade para garantir essa ressocialização, mas sempre pensando na sua segurança”, pontuou.

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*Estagiário sob a supervisão da jornalista Malu Barreto

Confira a entrevista completa 

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