
Kelvyn Coutinho e Mayrla Torres*
kelvyn@tvclube.com.br
A Polícia Federal apreendeu, durante a Operação Bazófia, mais de dois mil chips de celular que os criminosos utilizavam para dar golpes bancários. Segundo o delegado Eduardo Monteiro, foi montado um ‘call center do crime’, onde o grupo de criminosos praticava os golpes e tinha tabelas com horários de trabalho.
O delegado explica o esquema do crime. “Eles tomavam conta de um chip de celular, cadastravam em nome da vítima, acessavam o aplicativo Caixa Tem e, a partir disso, passavam a pagar boletos com o valor que era depositado naquela conta pelo governo”.
“Esses valores não chegavam diretamente nas contas deles, eles usavam várias contas de empresas de fachada até chegar nas contas bancárias deles. Até o momento não foi identificado envolvimento de nenhum funcionário da Caixa”, disse o delegado.
Eduardo Monteiro explicou que os golpes começaram com o Auxílio Emergencial, concedido pelo Governo Federal durante a pandemia de Covid-19, mas que, após cessar o benefício, a quadrilha migrou para outros tipos de golpes bancários.
“Eles realizavam fraudes de todos os tipos. Identificamos hoje, inclusive, uma cartilha que eles pagavam oito pessoas, lá no escritório do crime, para ligarem diariamente para as vítimas, e tentarem aplicar golpes. Esses golpes utilizavam o que a gente chama de engenharia social para obter dados da vítima, a partir disso, eles instalavam programas no computador ou celular da vítima e coletaram as senhas de acesso ao banco. É uma das formas que eles trabalharam também”, mencionou.
O delegado afirmou que os criminosos foram localizados pela investigação devido a ostentarem nas redes sociais um alto padrão de vida, sem terem atividades lícitas que justificassem esse padrão.
“Conseguimos localizar os alvos em razão da ostentação dos investigados nas redes sociais. A investigação tem dois anos em curso, iniciou a partir de fraudes no auxílio emergencial e concluímos que eles também faziam outros tipos de fraudes bancárias. Além disso, identificamos que eles tinham um escritório do crime, esse escritório migrou, ao longo dos anos, conseguimos identificar o novo escritório, uma casa alugada, onde tinham oito funcionários trabalhando só para executar fraudes bancárias, aqui em Teresina”, declarou.
Além de Teresina, a operação também cumpriu mandados na cidade de Bacabal, no Maranhão, onde a organização criminosa mantinha um braço de suas operações.
“Eles tinham um braço na cidade de Bacabal, o líder da organização e outros membros são oriundos de Bacabal. Foram apreendidos diversos veículos de luxo, joias, dinheiro em espécie. Por enquanto, foram presos 11, tem três foragidos, um deles, inclusive, foi alvo da Polícia Civil, naquela operação que resultou no falecimento de um policial civil da DRACO. Estamos ainda no encalço dele para tentar localizá-lo. Um outro fugiu no momento da operação e um terceiro está foragido, a gente não sabe o paradeiro dele ainda”, mencionou Eduardo Monteiro.
De acordo com a PF, foi identificado, inicialmente, prejuízo para as vítimas de R$ 130 mil; no entanto, o valor total dos golpes que os criminosos realizavam está sendo apurado.
“Identificamos prejuízo de R$ 130 mil, mas a gente sabia que, pelo patrimônio deles e pela ausência de atividade lícita por parte deles, eles executavam fraudes maiores; e continuamos as investigações. Recentemente, a gente conseguiu chegar a esse número de chips associados a eles, envolvendo fraudes na Caixa Econômica. A gente ainda vai processar esses telefones para identificar o valor exato do prejuízo causado às vítimas e à Caixa Econômica Federal”, comentou.
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