Kelvyn Coutinho e Antônio Rocha (TV Clube)
kelvyncoutinho@tvclube.com.br
Moradores da zona rural da cidade de Pio IX, localizada na região Sudeste do Piauí, sofrem com a falta de água todos os anos, durante o período de estiagem. O local é abastecido por carros-pipa enviados pela Defesa Civil do Estado, mas a população reclama da demora para chegada da água aos povoados.
A agricultora Laura Rodrigues acumula baldes e caixas d’água em casa, mas os reservatórios estão, quase sempre, vazios. “Está chegando água de dois em dois dias. Estamos armazenando nas caixas para os gastos (de casa), para os animais, para lavar roupa. Essa água encanada não serve para beber, só para o gasto mesmo (do dia a dia), porque ela vem salgada”, conta.
Dona Laura mora com a família no Povoado Tabocas e a espera de meses pelo carro-pipa é agora compensada com o alívio da chegada da água na comunidade. “Há muito tempo que a gente estava aguardando essa água chegar para matar a sede; pessoas estavam passando sede”, diz a agricultora.
A água dos carros-pipa é captada em poços profundos e, para chegar às comunidades mais distantes, atravessa o município de uma ponta a outra. O armazenamento é feito em uma cisterna de uso coletivo. O acesso é liberado aos moradores, que devem usar o recurso de forma consciente.
“Aqui, normalmente, tem cerca de 50, 60 famílias que pegam água nessa cisterna. Se a família for de duas, três pessoas, passa até dois dias com um tambor de água para beber”, menciona Sérgio Rodrigues, presidente da Associação de Moradores do povoado.
No município, a Operação Carro-Pipa atende cerca de 500 famílias, mas o número de moradores que precisam de assistência é maior que esse número. Na zona rural de Pio IX, cerca de 4.500 famílias dependem da água da chuva armazenada em cisternas para beber e cozinhar.
Mesmo com o uso regrado, o reservatório não é suficiente para atravessar o período de estiagem. Quando a água acaba, a população tem que comprar de pipeiros e, dependendo da distância, uma carrada pode custar até R$ 700, comprometendo a renda das famílias.
“Não tem condição, porque a gente sobrevive só com um salário. Um salário para água, para remédio, para tudo, não dá. Sem a água a gente não vive. A gente depende da água da chuva, mas praticamente já secou a cisterna. A gente armazena durante o período chuvoso para gastar no período da seca. Aí quando não tem, tem que pegar na rua”, conta a agricultora Francisca das Chagas de Sousa.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Pio IX, Naldo Andrade, neste ano o início da Operação Carro-Pipa atrasou. “Quando termina o período chuvoso, quem tem apenas uma cisterna, no mês de julho já começa a comprar água”.
“A gente precisa de um planejamento do governo estadual, da Operação Carro-Pipa do Exército, bem mais cedo, porque a operação chega no final do ano. O pessoal já está esgotado de tanto pagar carrada d’água cara. Tem muitas famílias bebendo água de açude, água não tratada, e isso vai causar outros problemas de saúde pública que vai gerar despesas também para o governo. Então, tem que ter planejamento para iniciar cedo”, completa Naldo.
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