SOS Mulher: conhecimento é fundamental para combater a violência de gênero

A união de mulheres para lutar contra o machismo e promover o conhecimento é uma peça-chave no combate à violência de gênero.

O segundo episódio da série SOS Mulher: Caminhos para a Superação, da TV Clube, trouxe histórias de mulheres que enfrentaram situações de violência nas mãos de seus companheiros, além de um alerta sobre os principais sinais de comportamentos abusivos.

Rosangela Maria (Foto: TV Clube)

A autônoma Rosângela Maria da Silva foi uma das personagens do episódio e relatou como sua independência foi comprometida aos poucos. Confiando nos argumentos do ex-marido, ela abandonou o emprego e, quando o relacionamento chegou ao fim, perdeu a guarda dos filhos. Rosângela afirma que sofria pressão psicológica do então companheiro e, ao perder sua fonte de renda, se viu completamente dependente dele.

“Eu, como mãe, me sinto totalmente impotente de não poder participar, não poder dar o colo, não poder dar um abraço num filho meu quando ele está precisando de mim, porque eu sinto falta e eu tenho certeza que eles também sentem”, desabafou.

A jornalista Yara Ataíde usou as redes sociais para denunciar seu ex-marido após sete anos sofrendo violência doméstica. Em um vídeo divulgado pela vítima, é possível ver o agressor, à época sargento do Corpo de Bombeiros do Piauí, desferindo um soco em seu rosto.

Yara Ataíde (Foto: TV Clube)

Durante anos, Yara suportou calada e teve sua liberdade cerceada para que o então parceiro controlasse todos os aspectos de sua vida. As agressões não tinham hora. Nem mesmo sua gravidez, o período de resguardo ou a presença da filha pequena comoviam o ex-marido.

“A minha vida só existia se ele estivesse comigo, que é o que o narcisista faz a gente acreditar. Ele manipula ao ponto de a gente ficar totalmente dependente dele. No meu caso, eu tinha o meu transporte e ele vendeu porque queria me pegar nos lugares. Se eu pegasse Uber, tinha que mandar a localização para ele, tinha que ter aquele controle de onde eu estava. O meu dinheiro era todo na mão dele”, relatou.

Especialistas alertam 

O que, inicialmente, pode parecer normal em um relacionamento, como uma demonstração de afeto ou cuidado, pode, com o tempo, se transformar em sofrimento para a vítima. De acordo com a psicóloga Sileli Santiago, pequenos atos abusivos tendem a crescer e tomar proporções cada vez maiores.

A psicóloga Sileli Santiago (Foto: TV Clube)

Segundo a profissional, os primeiros indícios nem sempre são claros, exigindo muita atenção para que não sejam normalizados. “O relacionamento abusivo costumar piorar com o tempo. Então, se ele começou jogando um objeto próximo à parceira, depois, a tendência é que ele pegue ela com força. Depois, a tendência é que ele machuque ela mais forte”, explica.

Para a psicanalista Liana Gonçalves, cada caso deve ser tratado de forma única, pois apresenta particularidades, especialmente no momento em que a mulher toma consciência dos abusos.

A psicanalista Liana Gonçalves (Foto: TV Clube)

A especialista ressaltou ainda que, quando uma vítima consegue romper com as agressões, ela inspira outras mulheres a se libertarem também.

“Mesmo em uma cultura extremamente conservadora e machista, há mulheres que rompem com isso. Então, aponta ali que há singularidade. Então, porque há mulheres que conseguem e outras não? Se há um ciclo de violência transmitido em uma família, por exemplo, essas mulheres desse ciclo só vão conseguir identificar quando elas enxergarem outras mulheres vivendo de uma maneira diferente”,  esclarece.

Conhecimento é fundamental 

A união de mulheres para lutar contra o machismo e promover o conhecimento é uma peça-chave no combate à violência de gênero. Grupos de leitura de obras escritas e direcionadas ao público feminino são aliados importantes nessa causa.

A universitária Ana Caroline Mesquita (Foto: TV Clube)

A estudante universitária Ana Caroline Mesquita considera que, quando as leitoras têm contato com esse tipo de literatura, conseguem se identificar e são estimuladas a buscar uma realidade diferente. Por meio da leitura, a jovem entendeu o que é um relacionamento abusivo.

“Eu acho que a literatura escrita por mulheres é muito de você falar sobre si porque é uma vivencia sua. Então eu acredito que seja até mais fácil de você conseguir externalizar. É até catártico mesmo uma mulher escrevendo sobre mulheres. Acho que é mais sensível, é mais profundo também. Consegue fazer com que as mulheres que leem consigam se encontrar naquelas narrativas”,  declarou.

Para buscar ajuda, as vítimas de violência doméstica podem contar com o Disque 180, da Central de Atendimento à Mulher, o Disque 190, da Polícia Militar do Piauí, além do aplicativo Salve Maria.

SOS Mulher (Foto: TV Clube)

📲 Siga o Portal ClubeNews no Instagram e no Facebook.
Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp e Entre na nossa comunidade.
Confira as últimas notícias: clique aqui! 



∴ Compartilhar