Reservatórios de água esvaziam com falta de chuvas e população de Acauã sofre com a estiagem

Moradores precisam percorrer grandes distâncias para conseguir água

Os moradores do município de Acauã, que fica na divisa entre o Piauí e o Pernambuco, têm sofrido com a estiagem nos primeiros meses deste ano. Em algumas localidades, a população precisa percorrer um trajeto em torno de 2.000 km diariamente para conseguir água em poços.

Com a falta de chuvas, os reservatórios da região esvaziaram. A barragem que abastece a área da comunidade Valverde secou há cerca de um mês, o que tem causado transtornos e prejuízos às 50 famílias que dependiam dela para beber água.

Barragem do Valverde seca (Foto: TV Clube)

A Barragem do Valverde não é a única afetada pelas condições climáticas em Acauã. De acordo com a Defesa Civil do município, outros cinco açudes estão na mesma situação. Em todo o Piauí, mais de 80 cidades já decretaram estado de emergência devido à seca.

De acordo com o agricultor Farnesio Rodrigues, a situação é incomum para o período e já se arrasta desde o ano passado.

“Nesse tempo, era para nós estarmos com os reservatórios cheios, no mês de março. A estiagem está tão grande, que já vem desde 2024. Quem vive da agricultura, depende da chuva para plantar, dar água aos animais, e não está tendo neste ano”, relata.

Operação Carro-Pipa

Diante da escassez de água, a alternativa encontrada pelos gestores municipais é pedir ajuda da Operação Carro-Pipa, do Governo Federal. O Piauí possui 13 municípios beneficiados pelo programa.

Em Acauã, mil famílias dependem dos carros-pipas, mas nem sempre a quantidade ofertada garante o atendimento das demandas da população. De acordo com o prefeito da cidade, Reginaldo Rodrigues, o Exército tem ajudado com o envio de veículos, mas não é suficiente.

O prefeito de Acauã, Reginaldo Rodrigues (Foto: TV Clube)

À TV Clube, o chefe do Executivo afirma ter feito o pedido de reforço à Defesa Civil, o que foi negado.

“Eu já fui a Teresina pedir força à Defesa Civil também porque no ano passado ainda consegui três carros [pipa] no final do ano, mas, neste ano, até o momento, não foi liberado nem um carro da Defesa Civil. O Exército tem, mas é muito pouco. Os carros-pipa que vêm do Exército para o município não têm como resolver a situação de toda a população”, lamenta.

Por outro lado, a Defesa Civil alegou que durante três meses foram feitos abastecimentos de água potável na cidade por meio de três carros-pipa. O órgão disse ainda que para ampliar o trabalho, uma solicitação foi feita junto ao Governo Federal de mais sete veículos, no entanto, não foi autorizada.

Moradores percorrem grandes distâncias para conseguir água (Foto: TV Clube)

A agricultora Licínia de Carvalho, que é atendida pelos veículos, reclamou da inconstância na prestação do serviço. “No mês de janeiro eu recebi duas carradas. Em fevereiro foi só uma, e o mês de março, até agora, não chegou. A pessoa que quer a água está com a cisterna sequinha”, comenta.

Licínia de Carvalho (Foto: TV Clube)

Para o agricultor Antônio Emídio Rocha, o prejuízo só aumenta. Ele teve que vender quase a totalidade de suas ovelhas para evitar uma perda maior.

“Eu tinha quase 300 cabeças de ovelhas. Hoje, já vendi, vou vendendo e, por último, vendi 35. Só estou com 20 cabeças agora. Já vi muita seca, mas não deste jeito. Sempre dá uma chuvinha escorrendo, vai aliviando um coisa ou outra e, agora não, nem pingar. Nem nuvem no céu tem”, ressalta.

 

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