A estudante Ana Beatriz Aragão, 20 anos, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), denunciou à TV Clube que ainda não conseguiu um intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras) desde que ingressou na instituição.
Diante da falta de acessibilidade, seus colegas se mobilizaram e contrataram, por conta própria, um intérprete de Libras, cujo serviço pode chegar a R$ 150 por hora.

Durante uma reunião entre estudantes e professores de Arquitetura e Urbanismo, realizada nesta terça-feira (18), com o auxílio de um intérprete, a estudante expressou seu descontentamento com a situação.
“Quando cheguei aqui, não havia acessibilidade em Libras, então me senti muito prejudicada. É importante contratar esse intérprete logo, para que eu consiga fazer o curso. Sempre tive vontade de estudar Arquitetura e não vou desistir“, relatou.
Atualmente, a instituição conta com oito funcionários no quadro de intérpretes de Libras, sendo sete substitutos e apenas um efetivo. Diante da situação, os alunos do curso organizaram uma vaquinha online para contratar um profissional que possa auxiliar Ana Beatriz Aragão. No entanto, eles afirmam que o custo do serviço é elevado.

Mãe relata frustração
Maria Aparecida, mãe da estudante, relatou frustração ao perceber que a Universidade não dispunha de um profissional para auxiliar sua filha.

“A frustração foi porque uma instituição da magnitude da UFPI não ter a acessibilidade que nós esperávamos. Então não pensamos que teria essa ausência do intérprete em sala de aula, até porque falamos com o Núcleo de Acessibilidade”, explicou.
O coordenador do curso de Libras da UFPI, Clévis Lima, afirmou que o principal problema enfrentado é a falta de intérpretes. “Nossos profissionais não conseguem atender à demanda da Universidade. Hoje, o número de intérpretes é muito pequeno, pois precisamos atender tanto o curso de Libras quanto a instituição como um todo. Quando há eventos, as coordenações e reitorias fazem solicitações, mas não conseguimos suprir todas”, explicou.

O coordenador de Inclusão da UFPI, Fábio Passos, afirmou que a instituição está ciente da situação e busca uma solução. “Temos uma estrutura institucional que nos impede de criar vagas. As contratações dependem do Ministério da Educação e, no governo passado, houve a extinção do cargo de intérprete de Libras. Estamos fazendo todo o esforço possível para solucionar essa demanda”, declarou.

O que diz a UFPI
A Administração Superior da UFPI informou que o principal problema é a falta de recursos, somada à burocracia para a contratação de intérpretes. Segundo a instituição, desde a gestão passada do Governo Federal, não há mais cargo de intérprete de Libras, impossibilitando a realização de concurso público.
Além disso, a UFPI ressaltou que um teste seletivo não pode ser realizado porque ainda não há previsão orçamentária para 2025.
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