Sexsomnia: o fenômeno dos comportamentos sexuais durante o sono

Kyslley Urtiga

Psicóloga
Publicado em 03/04/2025 11:00

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Sexsomnia é um dos muitos enigmas que cercam o sono e sua influência no comportamento humano (Foto: Freepik)
Distúrbios do sono são amplamente conhecidos, mas alguns fenômenos intrigantes ainda permanecem pouco discutidos. Entre eles, a sexsomnia se destaca por sua peculiaridade: trata-se de um distúrbio no qual a pessoa realiza atos sexuais enquanto dorme, sem ter consciência ou lembrança do ocorrido ao despertar. Esse fenômeno levanta questões importantes sobre a interseção entre o sono, a sexualidade e o comportamento humano.
O que é a Sexsomnia?
A sexsomnia é classificada como uma parassonia, ou seja, um comportamento anormal que ocorre durante o sono. Diferente de sonhos eróticos ou de movimentações inconscientes comuns do sono, a sexsomnia envolve ações físicas reais, como masturbação, toques ou até tentativas de relação sexual, sem que a pessoa tenha consciência desses atos.
O mais impressionante é que, ao acordar, a pessoa geralmente não se lembra de nada, tornando esse comportamento ainda mais complexo e, muitas vezes, perturbador para quem convive com ele.
Como acontece?
A sexsomnia ocorre quando partes do cérebro entram em um estado dissociado, no qual algumas áreas responsáveis pelo movimento e comportamento estão ativas, enquanto as relacionadas à consciência permanecem “desligadas”. Isso significa que a pessoa não está acordada, mas o corpo continua reagindo e executando ações motoras complexas.
Esse fenômeno pode ocorrer em diferentes estágios do sono, mas é mais comum durante o sono profundo (NREM), o mesmo estágio em que ocorrem outros distúrbios, como o sonambulismo.
Quem pode ser afetado?
Embora qualquer pessoa possa desenvolver sexsomnia, alguns fatores aumentam a predisposição para esse distúrbio. Entre eles:
•Histórico de parassonias (como sonambulismo ou terrores noturnos)
•Distúrbios do sono, como apneia obstrutiva
•Privação de sono ou insônia crônica
•Uso de álcool, drogas ou medicamentos sedativos
•Altos níveis de estresse ou ansiedade
Pelo fato de a sexsomnia ocorrer de maneira involuntária, algumas pessoas podem levar anos para perceber que possuem essa condição — normalmente, o diagnóstico acontece por meio do relato de parceiros ou familiares.
Existe tratamento?
Sim. Apesar de ainda ser um fenômeno em estudo, a sexsomnia pode ser tratada com:
• Mudanças nos hábitos do sono – Manter uma rotina de sono regular e evitar substâncias que prejudiquem a qualidade do descanso.
• Controle do estresse e ansiedade – Práticas de relaxamento e psicoterapia podem ajudar.
• Tratamento de distúrbios do sono associados – A polissonografia (exame que monitora o sono) pode identificar condições subjacentes, como a apneia.
• Uso de medicamentos em casos mais graves – Sob orientação médica, alguns remédios podem ajudar a controlar os episódios.
Se você ou alguém que conhece apresenta sinais de sexsomnia, buscar ajuda médica especializada pode ser o primeiro passo para compreender e lidar com essa condição.
Conclusão: um mistério do sono e do comportamento humano
A sexsomnia é um dos muitos enigmas que cercam o sono e sua influência no comportamento humano. Esse distúrbio nos faz refletir sobre os limites entre a consciência e o inconsciente, desafiando nossa compreensão sobre a sexualidade e as ações involuntárias do corpo.
Manter-se informado sobre temas como esse ajuda a reduzir tabus, incentivar diagnósticos e, principalmente, garantir qualidade de vida para quem convive com distúrbios do sono.
Se você se interessa por assuntos relacionados ao sono e ao comportamento humano, continue acompanhando nossas publicações. Afinal, o que acontece enquanto dormimos pode ser mais fascinante do que imaginamos.

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