3 de novembro de 2025

Farinhada: tradição ancestral une mães e filhas no Piauí

Repórter
Publicado em 11/05/2025 10:35

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Mais do que uma ferramenta de sustento, a farinhada é uma tradição ancestral praticada por mulheres no Piauí, unindo mães e filhas e reforçando o sentimento de pertencimento e identidade.

Em meio a tachos e fornos de barro, as trabalhadoras das casas de farinha usam a macaxeira como matéria-prima para produzir a goma, a massa e, por fim, a farinha, que se transforma em deliciosos beijus.

O resultado é reflexo da dedicação de quem faz da mandioca alimento e um verdadeiro legado. O processo de preparação é marcado pelo compartilhamento de histórias e trabalho conjunto envolvendo força, delicadeza e afeto.

Família unida pelo legado da mãe

A TV Clube visitou um das casas de farinha localizada na zona rural de Teresina, onde uma família se dedica a dar continuidade ao trabalho iniciado pela matriarca, conhecida como ‘Dona Livramento’.

A mulher e o marido eram moradores de José de Freitas, distante 48 km de Teresina, e levaram a tradição para a capital, há 50 anos. Filhas, sobrinhas, noras e agregados seguem a tradição com orgulho.

Farinheira, a Maria do Socorro é filha de Dona Livramento e se emocionou ao lembrar da trajetória da mãe, que já faleceu. “Aqui nós temos toda uma história. Ela deixou isso aqui para a gente e vamos continuando. Somos guerreiras e felizes”, disse.

A estudante Janete Rocha, que trabalha no local, detalhou o processo.

“Todo o processo é feito aqui também, desde a chegada da mandioca, o descascar, lavar, passar no motor, prensar, até chegar na goma, quando a gente mistura com dois tipos de coco, que é o coco babaçu e o coco da praia. Temos também a opção de fazer sem coco, que é o beiju branco”, explicou.

O aprendizado começa cedo e cada etapa é uma maneira de transmitir valores e respeito pela terra.

Beiju produzido na casa de farinhada (Foto: TV Clube)

A farinheira Antônia Rosa da Conceição, ainda criança, acompanhou mãe fazer os beijus e decidiu seguir o mesmo ofício. “Minha mãe fazia lá no interior, eu prestava atenção e aprendi. Com nove anos de idade eu já fazia beiju”.

O dia é sempre finalizado com uma produção intensa de centenas de beijus que servirão de alimento para outras pessoas e cultivo de uma herança cheia de resistência e que se mantém viva em cada geração.


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