Para o Dia das Mães, o Portal ClubeNews dá voz a histórias de maternidades atípicas. Elane Cristina é professora e mãe da Júlia Maria, de seis anos, diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) – Nível 3 de Suporte. Ela compartilhou os desafios, aprendizados e a rotina intensa vivida por famílias atípicas sem apoio.
“Ser mãe da Júlia é perfeito. Todos os dias ela me ensina que eu não posso desistir, que sempre tenho motivos para lutar e que tudo é possível porque todos os dias ela me mostra um avanço, uma vitória. Eu sou incapaz de desistir se ela me ensina que eu não posso fazer isso”, comenta Elane.
Elane contou que gestação de Júlia foi tranquila e muito desejada. Após três anos tentando, Elane e o esposo receberam a notícia com alegria. Porém, aos um ano e três meses, surgiram os primeiros sinais: ausência de contato visual e falta de resposta ao nome.
A experiência profissional do casal (ela, professora; ele, psicopedagogo) ajudou a identificar precocemente o diagnóstico. Com um ano e nove meses, confirmaram que Júlia tinha TEA.
“A Júlia é uma criança de suporte 3. Isso quer dizer que ela precisa de ajuda em quase tudo. Mas é importante lembrar: todo autista é autista, independentemente do nível de suporte”, explica Elane.
Júlia frequenta a escola e verbaliza, mas ainda não consegue formar frases completas. A rotina da família é ajustada: o pai, que também é terapeuta, reduziu os atendimentos clínicos para acompanhar a filha nas terapias enquanto Elane trabalha. “É um revezamento diário. A gente se desdobra para garantir que ela receba tudo o que precisa, sem perder o nosso contato”, disse.
A ausência de uma rede de apoio amplia os desafios. “A gente se divide em cuidar da Julia e acaba que muitas coisas vão centralizar nela, porque não tem essa rede de apoio. Não temos família que apoia, não temos amigos. É muito mais difícil nesses casos. Então, quem tem essa rede de apoio agradeça muito, porque é muito difícil ter”, desabafou.
Alguns desafios acontecem em ambientes que deveriam ser de acolhimento. Elane conta que Júlia chegou a ficar alguns meses sem terapia, pois o plano de saúde retirou a parceria com a clínica. Além disso, mesmo após seis anos estudando em uma escola particular, só agora Júlia conseguiu uma professora de apoio.
“Todo dia é uma luta que você tem que travar para conseguir o direito da criança. Cada ano você vai se apropriando de conhecimentos que te faz correr atrás do direito do seu filho. Mas você sempre vai lutar para isso, para que o professor seja inclusivo, para que os colegas da sala compreendam o que é autismo e possam acolher também o seu filho”, concluiu.
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