19 de junho de 2025

Inclusão também é escuta

Joelma Patrícia

Jornalista e Radialista
Publicado em 24/05/2025 08:11

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Inclusão também é escuta (Foto: divulgação)

Pessoas atípicas não precisam estar ao seu redor para que você comece a aprender sobre inclusão. O mundo não deve esperar a chegada do diferente para se tornar mais inclusivo e justo. Inclusão não é resposta ao convívio — é ter as mesmas chances na sociedade, mesmo quando a diferença parece invisível.

A presença de pessoas atípicas não deve ser um motivo para o respeito, mas um alerta do quanto ainda estamos presos a padrões que excluem. Incluir começa quando a gente compreende que é preciso sair da bolha, reconhecer privilégios e decide enxergar o outro sem “padrões” de normalidade.

É preciso desmistificar a ideia de que “somos todos iguais”. Não somos. E não entender de imediato o que é ser neurodivergente, não significa que você não possa aprender ou sentir o mundo de outra maneira. Não se trata de entendimento, mas de consciência.

Vivemos um momento inédito na sociedade: o encontro simultâneo de cinco gerações compartilhando os mesmos espaços — das mais velhas às mais jovens, de quem foi criado no século XX sem wi-fi à geração que verbaliza e expõe tudo no século XXI. Esse cruzamento de tempos, de dados, evidencia vivências e formas de existir a ponto de exigir que a escuta tenha mais-valia e que os preconceitos sejam questionados. Não entender de neurodivergência não é o problema; querer permanecer indiferente sim.

Ainda enfrentamos, infelizmente, a resistência de muitas famílias — em especial de alguns pais — em aceitar o diagnóstico de uma neurodivergência. O medo, o preconceito e a ideia de “normalidade” muitas vezes falam mais alto do que o acolhimento, o querer entender.

É preciso compreender que esse tipo de conduta retarda intervenções fundamentais, compromete a evolução e dificulta a inclusão do ser como um todo. A escola, o trabalho, os espaços coletivos são ambientes atravessados por esse atraso. Reconhecer cedo, buscar ajuda e apoio especializado não fragiliza uma família; pelo contrário, fortalece vínculos e prepara a sociedade para acolher o que não é padrão, mas é profundamente humano.

Inclusão e ação. Já!

Você pode começar agora mesmo com atitudes simples e possíveis:

Leia sobre neurodivergência antes de conviver com alguém atípico. Informação gera respeito e conhecimento.

Respeite o tempo e a forma de comunicação do outro. O óbvio precisa ser dito. Nem todo mundo se expressa igual.

Evite infantilizar e tratar pessoas atípicas com piedade. Elas precisam de respeito.

Siga, consuma materiais que pessoas atípicas compartilham, se interesse por suas vivências. Inclusão também é escuta.

Questione ambientes que sempre deixam alguém de fora. Ajustes simples mudam realidades.

Pratique empatia ativa: convide, pergunte, escolha. Inclusão também se faz no gesto.

Seja inclusivo, ao invés de exclusivo.

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