
É bastante oportuno que este mês de junho seja o mês de conscientização sobre a infertilidade. Este tema vem ganhando cada vez mais destaque na sociedade, visto a quantidade de casais que se deparam com a frustração de uma gestação que não chega.
A gravidez tem sido, via de regra, propositalmente postergada em nome dos estudos, da realização profissional, da estabilidade e da liberdade de viajar e aproveitar a vida antes de constituir uma nova família. As mulheres se sentem cada vez mais “jovens” em seus múltiplos papeis e afazeres sociais. O exercício profissional, a prática de atividade física e a boa alimentação fizeram as mulheres chegarem aos 40 ou 50 como se tivessem 30… Que maravilha! Mas até que ponto, se sentir jovem aos 40 ou 50, gera uma ilusão no imaginário popular de que a maternidade pode ser igualmente postergada acompanhando esse elástico de juventude?
Infelizmente não é verdade. A capacidade reprodutiva natural continua sendo inversamente proporcional à idade, principalmente na mulher, sendo a mesma do século passado.
De modo geral, a mulher tem o apogeu a sua capacidade reprodutiva na 3ª década de vida (20 aos 30 anos). Daí em diante se inicia um declínio suave até os 35, e um declínio mais acentuado dos 35 aos 40 anos e mais. De modo que engravidar neste último período ou depois significa contar com a sorte de se conseguir e encarar os riscos de perdas e possíveis alterações cromossômicas, mais presentes em faixas etárias maiores.
Mesmo quando se pensa em Fertilização “in vitro”, a idade ainda é a principal inimiga. Nesta perspectiva, o congelamento de óvulos chega como uma esperança, uma “carta na manga” para mulheres que atingem a proximidade do relógio biológico sem perspectiva de engravidar. Estas técnicas estão longe de ser uma promessa de certeza de gestação e infelizmente ainda demandam alto custo, não estando acessíveis a maior parte da população.
Portanto, melhor não arriscar esperar! A maternidade nos dias de hoje não é mais uma imposição social como no passado; temos o livre direito de decidir se queremos filhos e quando, mas a escolha de “quando” não é para sempre, a fertilidade declina e acaba um dia.
Conselho de Ginecologista para mulheres: – Se quiserem ter filhos, cuidem de conciliar esse sonho a todos os seus outros sonhos enquanto é tempo. O relógio biológico não para! Aos 30 considere a possibilidade de engravidar, aos 35 considere fortemente essa possibilidade ou se não houver perspectiva concreta, converse com seu médico sobre a possibilidade de congelar óvulos se isto estiver ao seu alcance…
O sucesso reprodutivo de algumas celebridades em idade mais avançada, muitas vezes mostrado em redes sociais, revistas e TV são apenas um lado da moeda ou a ponta de um iceberg que não nos permite enxergar as inúmeras outras que se silenciam na frustração da maternidade que não vem.
Informação é poder. Com informação oportuna e de qualidade podemos pensar e decidir melhor sobre nossas escolhas.
Profª Drª Simone Madeira – Ginecologista e Obstetra
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