Essa é uma das queixas femininas mais frequentes ao longo de toda a vida. As mulheres identificam a diminuição da libido pela falta de desejo sexual percebida dentro dos relacionamentos. A ausência do desejo sexual também é registrada quando elas não correspondem à frequência de práticas sexuais desejadas por seus parceiros. Mas será que a libido é mesmo sinônimo de desejo sexual? Por sua vez, o desejo sexual do parceiro e a frequência de práticas sexuais desejada por ele é uma medida para a libido feminina?

Libido é pulsão de vida, já nos disse Freud! É energia vital que nos move para a realização dos desejos, a busca pelo prazer na vida e, também, propicia a vivência da sexualidade. Então, veja como a libido não se resume ao desejo sexual apenas. É ela que impulsiona nossas ações na vida cotidiana. Portanto, se essa energia vital está voltada totalmente para a sobrevivência, para o trabalho, para a maternidade e para o cuidado dos outros, provavelmente não sobrará libido para as práticas sexuais.

Ou seja, mulheres exaustas não terão energia para a prática sexual! O mesmo acontece nos quadros depressivos, ansiosos e de adoecimentos agudos e crônicos. A energia vital está voltada para a resolução desses problemas. Imagine agora o desafio de viver um relacionamento, especialmente de longa duração. Podem acontecer discrepâncias de desejo sexual entre o casal, conflitos, quebras de contrato e violências. Esse cenário é pouco atraente para a libido se expressar como desejo sexual.

A menopausa é outro desafio para a libido feminina. Os fogachos, suores noturnos, fadiga, insônia e ressecamento vaginal são obstáculos para o desejo sexual se manifestar. Esse conjunto de desconfortos físicos desmotiva a disposição ou a possibilidade de as mulheres responderem aos estímulos sexuais. Portanto, tratar os sintomas da menopausa é de uma ajuda fundamental para favorecer o conforto físico e o prazer. Isso para não falar do etarismo que nos faz acreditar que o envelhecimento corporal é incompatível com desejo sexual em alta. Essas são crenças que acabam com a nossa libido.

Como resolver isso? Se você se percebe cansada, se permita descansar. Está adoecida, deprimida, ansiosa, priorize o seu autocuidado. Procure ajuda profissional para tratar os adoecimentos. O problema está nos conflitos de relacionamento? Terapia de casal é uma ótima ferramenta para ajudar a mediar os conflitos e alinhar desejos e expectativas. As crenças que você tem sobre envelhecimento devem ser revistas e questionadas. Com essas estratégias, você perceberá sua libido recuperada e o desejo sexual vivo.

Mas não esqueça que a libido é energia vital no seu corpo para a experiência das suas realizações, do seu prazer e da sua sexualidade. Você não é um corpo para o outro! Então, por que a frequência sexual do parceiro deveria ser uma métrica para medir o seu desejo? Antes de pensar em dirigir sua libido para um relacionamento, lembre-se de experimentá-la em você. Por onde anda seu autoerotismo? Como você se seduz? A quantas anda sua autoestima? O que você faz cotidianamente que dá prazer a você? Você se sente cobrada ou seduzida por seu parceiro? Eu sei que nem sempre é fácil responder essas perguntas! Mas vai valer a pena, garanto!

Dra. Andréa Rufino – CRM/PI 2006, RQE 434 e 1484
Ginecologista e Sexologista