27 de agosto de 2025

Órgãos vão reforçar ações para evitar crianças e adolescentes em aterro sanitário após morte por atropelamento

Entre os encaminhamentos, um Termo de Ajuste de Conduta está sendo discutido para ser assinado pelos gestores junto ao MPT, TCE e MP-PI.

Redação

Publicado em 23/06/2025 09:08

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A morte de um adolescente no aterro sanitário de Teresina impulsionou a discussão sobre a presença de menores de 18 anos nesse local. David Kauan Silva da Costa, de 12 anos, foi atropelado por um trator de esteira, no domingo (22).

Em nota, o Ministério Público do Trabalho no Piauí (MPT-PI) lamentou o falecimento e esclareceu que, juntamente com o Ministério Público do Estado, Tribunal de Contas do Estado e Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, busca “regularizar a inclusão socioprodutiva das catadoras e catadores de resíduos sólidos dos municípios piauienses”.

A regularização, conforme o MPT, tem como foco “o trabalho por meio das cooperativas e associações formadas por esses trabalhadores nos 13 maiores municípios geradores de resíduos, entre eles, Teresina. Reuniões já vêm sendo realizadas desde o início do ano com os representantes desses municípios”.

Entre os encaminhamentos, um Termo de Ajuste de Conduta está sendo discutido para ser assinado pelos gestores junto ao MPT, TCE e MP-PI. O documento deve estabelecer “prazos e ações que devem ser adotadas por esses municípios para o encerramento dos lixões, adoção da coleta seletiva e estruturação das cooperativas e associações de catadoras e catadores para o recebimento e destinação correta dos resíduos sólidos recicláveis, inclusive no sentido de não permitir, sob nenhuma hipótese, o trabalho infantil nesse processo”.

Velório de David Kauan (Foto: Edivaldo Cardoso/ TV Clube)

PROIBIÇÃO

Na nota, o MPT reforça que “o trabalho de crianças e adolescentes com idades até os 14 anos é proibido, se configurando como trabalho infantil“.

“Diante da violação dos direitos de crianças ou de adolescentes, é necessário acionar as autoridades competentes. As denúncias podem ser feitas para o Conselho Tutelar, para o Ministério Público do Trabalho (pelo portal www.prt22.mpt.mp.br ou pelo WhatsApp (86) 99544- 7488) ou por meio do Disque 100”.

O ACIDENTE

A avó da vítima, Maria Albetiza, disse acreditar que o atropelamento do neto tenha sido um acidente e sem intenções. O motorista do trator, de acordo com ela, prestou assistência à vítima, que morreu ainda no local.

Eu acredito que o que aconteceu foi uma fatalidade mesmo. Não tem explicação. Acredito que foi um acidente. Eu vim aqui antes do feriado e ele estava com essa insistência de ir para o lixão. A mãe dele disse: ‘eu te mostro como você não vai’. Ele não ia quando eu estava aqui. Ele ficava sempre perto de mim”, lembrou a avó emocionada.

AVÓ LAMENTA PERDA DO NETO

Ainda abalada pela morte precoce do neto David Kauan Silva da Costa, de apenas 12 anos, na madrugada deste domingo (22), a diarista Maria Albetiza contou que nutria por David o mesmo amor que por um filho e revelou que o principal sonho do neto era comprar uma bicicleta motorizada.

Em entrevista à TV Clube, Maria Albetiza disse David Kauan enxergava no aterro sanitário uma fonte de complemento para a renda da família e, com isso, ajudar a mãe, que trabalhava no local, mas que era contrária à presença do filho no aterro sanitário. Apesar das restrições, David constantemente fugia para o ponto de descarte de resíduos.

“Sempre foi sonhador, queria trabalhar logo. É como se ele achasse que tinha pouco tempo. Ele queria namorar, arrumar serviço. Quando ele arrumava uma namorada, ele já dava um creme de cabelo. Eu acho que o tempo estava correndo contra ele”, contou.

Assistência à família

O corpo de David está sendo velado, na tarde deste domingo (22), na Escola Municipal Lyzandro Tito de Oliveira, onde ele estudava. O sepultamento deve acontecer na cidade de Miguel Alves (PI), distante cerca de 110 km da capital Teresina.

A avó Maria Albetiza contou que a empresa responsável pelo aterro sanitário prestou a devida assistência com a compra do caixão e vai custear o translado do corpo até o local do sepultamento.

“A empresa me procurou. Eu nem sabia o que estava acontecendo. Eu estava pensando até no caixão da Prefeitura, mas a empresa me procurou e prestou todo o auxílio, desde o caixão até a locomoção”, informou.

Perda sem volta

Consternada com a partida precoce do neto, Maria Albetiza não conteve a emoção ao lembrar do carinho que tinha por David.

“A perda que eu tive não tem explicação, não tem volta. Meu filho não está mais aqui. O Senhor tirou um pedaço de mim, mas antes tivesse me levado. Era meu filho e neto, e que mora dentro do meu coração. Eu não tive ele, mas eu tenho um amor por ele até maior do que pelos meus próprios filhos”, concluiu.


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