Um supervisor de segurança do Shopping Rio Poty, em Teresina (PI), foi indiciado pela Polícia Civil do Piauí por tortura. O caso aconteceu no dia 10 de maio, quando duas mulheres foram flagradas furtando 11 perfumes e bijuterias de uma loja.
As agressões ocorreram no subsolo do shopping, para onde as mulheres foram levadas pelos seguranças após o flagrante. As agressões ocorreram no espaço destinado à carga e descarga de mercadorias, antes da chegada da Polícia Militar.
Imagens registradas pelas câmeras do próprio shopping foram analisadas pela polícia e mostraram que, em um intervalo de 11 minutos, o funcionário cometeu seis atos violentos contra as duas suspeitas.
Conforme o inquérito, os vídeos revelaram tapas, socos e outros tipos de violência física. Outros funcionários que estavam no local também relataram ter presenciado o supervisor agredindo as mulheres.
Uma das vítimas contou em depoimento à Polícia Civil que furtou os produtos na tentativa de retornar à cidade onde vive com a filha bebê. Ela afirmou que as agressões começaram após explicar a situação ao segurança.
“Nós já tínhamos devolvido [os perfumes], ele tirou os produtos de nós e começou a agredir, ‘começou a dá-lhe porrada na gente’, na minha cabeça”, disse. A mulher afirmou ter perdido a unha de um dos dedos dos pés devido aos golpes e pisões sofridos. Os nomes das vítimas não foram divulgados.
A delegada Syglia Samuelle de Brito Silva, titular da Delegacia de Direitos Humanos, concluiu que há “evidências dignas de nota e capazes de preencher a estrutura jurídica necessária” para o indiciamento por tortura.
O inquérito foi finalizado e encaminhado ao Ministério Público do Piauí no fim de junho. Cabe ao MP decidir se oferecerá denúncia contra o segurança ou arquivará o caso. Se houver denúncia, o Judiciário decidirá se o acusado se tornará réu.
A defesa das mulheres, representada pelo advogado Fábio Franklin Jr., afirmou que pedirá indenização e responsabilização civil do shopping. “Independentemente da acusação de furto, nenhuma pessoa pode ser submetida à tortura, agressão ou tratamento desumano por agentes de segurança privada. O que ocorreu é gravíssimo: minhas clientes foram agredidas de forma covarde e ilegal por seguranças que agiram como se fossem justiceiros, usurpando a função da polícia”, declarou.
Procurado pelo g1, o Shopping Rio Poty afirmou ter demitido o segurança, que “agiu de maneira inadmissível” e que tem colaborado com as autoridades. “Seguimos reforçando constantemente os treinamentos das equipes com o objetivo de proporcionar um ambiente acolhedor e seguro onde todos sejam respeitados”, disse em nota.
Confira a nota completa
“O shopping informa já ter desligado o segurança que agiu de maneira inadmissível, desrespeitando os procedimentos definidos pela empresa para casos confirmados de furto.
Desde a ocorrência, a empresa colabora com as autoridades, prestando todas as informações solicitadas, mesmo não sendo parte do processo. Seguimos reforçando constantemente os treinamentos das equipes com o objetivo de proporcionar um ambiente acolhedor e seguro onde todos sejam respeitados.”
Fonte: g1 Piauí