12 de julho de 2025

Deputada registra B.O. após áudio com ameaça de estupro vazar nas redes sociais

O caso foi denunciado à 1ª Seccional de Parnaíba - 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher e Grupos Vulneráveis.

Carlienne Carpaso

Editora
Publicado há 4 horas

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Gracinha Mão Santa (Foto: Alepi)

A deputada estadual Gracinha Mão Santa registrou um boletim de ocorrência, na sexta-feira (11), após um áudio divulgado nas redes sociais ameaçá-la de violência física e sexual. O caso foi denunciado à 1ª Seccional de Parnaíba – 1ª Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher e Grupos Vulneráveis (DEAMGV).

O boletim tem como natureza: ameaçar mulher por razões da condição do sexo feminino, além de injúria cometida ou divulgada em quaisquer modalidades das redes sociais da rede mundial de computadores.

O boletim foi direcionado aos dois supostos envolvidos, um empresário e um ex-servidor da Prefeitura Municipal de Parnaíba. O servidor foi exonerado ontem (11) após o áudio, inicialmente compartilhado em um grupo de WhatsApp, vazar nas redes sociais. O espaço está aberto para a defesa.

No relato do boletim, o áudio expõe a ideia de sequestrar a vítima e levá-la para lugar ermo e praticar contra a mesma estupro. Além disso, ambos os autores proferem palavras injuriosas contra a vítima.

Gracinha Mão Santa divulgou uma carta ao qual relata “um grito por proteção, justiça e verdade contra um plano macabro”. Leia na íntegra ao final da matéria.

Em trecho, a deputada diz: “um plano para me calar de forma violenta, covarde e animalesca. Um plano digno dos piores criminosos, daqueles que não deixam suas vítimas vivas, porque sabem que elas os reconhecerão”.

Em solidariedade à deputada, a Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi) divulgou uma nota de repúdio afirmando que a parlamentar “foi alvo de um ataque claro à sua dignidade, por meio de declarações que não apenas ofendem a parlamentar, mas atentam contra todas as mulheres”. Leia a nota na íntegra ao final da matéria.

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Confira a Carta Aberta emitida pela deputada Gracinha Mão Santa CARTA ABERTA AOS PARNAIBANOS

Um grito por proteção, justiça e verdade contra um plano macabro. Por favor, leia com muita atenção pois o que tenho a dizer é muito sério e não esta sendo fácil pra mim.

Escrevo com o coração apertado, com o peito sufocado de medo e, ao mesmo tempo, cheio de indignação. Essa é uma carta em defesa da vida, da democracia e da dignidade humana.

Estamos vivendo tempos sombrios. O que achava ser somente divergência política, na verdade sempre foi um plano de perseguição e destruição. Todos lembram: Dias atrás um carro rondou por várias vezes a casa dos meus pais, já idosos, tarde da noite. Veiculo foi identificado e o caso está sendo investigado.

Agora, depois desse fato, das fake news e de pessoas contratadas para me atacar diariamente nas redes sociais, a situação se agravou de forma brutal.

Hoje (10/7/2025), dois indivíduos muito conhecidos em nossa cidade, sendo um que se diz evangélico e que foi suplente de vereador, chamado “Irmão Manoel”, e outro que presta serviços à prefeitura, com ônibus, conhecido como “Chaga Aragão”, cuja esposa e filho também trabalham na prefeitura, ligados a atual gestão, postaram um áudio criminoso, repugnante e profundamente ameaçador contra mim. Estou estarrecida, machucada e até agora sem acreditar no que ouvi.
Tramaram friamente, com palavras chulas, repugnantes, um plano de sequestro, estupro e morte contra mim.

Sim, isso mesmo! Um plano para me calar de forma violenta, covarde e animalesca. Um plano digno dos piores criminosos, daqueles que não deixam suas vítimas vivas, porque sabem que elas os reconhecerão.

Muito constrangida, cheia de dor, mas com a responsabilidade que tenho, tomei a difícil decisão de tornar público o áudio desse plano macabro e vil.

Faço isso não por mim, apenas, mas por todas as mulheres que represento. Por todas que enfrentam violência, ameaças e tentativas de silenciamento.

É um grito de alerta à Parnaíba inteira.
Exijo que tudo seja investigado com rigor.
Quem são os envolvidos?
Quem está pagando por isso?
Quem manda e quem executa?

A quem interessa calar uma mulher que trabalha, que denuncia, que não se vende, que não tem medo de enfrentar os poderosos?

Confesso que estou abalada. Isso ultrapassou qualquer limite. Não tenho medo só por mim. Tenho medo pelas minhas filhas, pelas minhas irmãs, pela minha mãe.

Medo pelas mulheres que me acompanham, medo por nossa cidade, que parece estar sendo tomada pelo ódio, pelo descontrole, e pelo crime.

Falo ao povo de Parnaíba, ao povo de bem, às famílias, aos jovens, às mães, aos homens e mulheres que ainda acreditam em justiça que nos ajudem a desvendar essa trama maldita. Se souberem de algo, se ouvirem qualquer coisa suspeita, denunciem. Informem à polícia. Esse tipo de gente é capaz de tudo. Mas deixo registrado: não irão me intimidar.

Conto com a proteção de Deus. Acredito na Justiça. Acredito na Polícia, mas acredito, acima de tudo, em cada parnaibano e parnaibana de bem. Vou seguir lutando, denunciando e combatendo o bom combate.

Se algo acontecer comigo, quero que vocês saibam: parte da maldade está exposta, está sendo revelada.

Minha fé segue inabalável. Minha coragem também.

Que Deus abençoe e proteja Parnaíba.

Deputada Gracinha Mão Santa

LEIA NA ÍNTEGRA A NOTA DA ALEPI

A Assembleia Legislativa do Estado do Piauí, por meio de sua Mesa Diretora, vem a público manifestar, de forma veemente, seu repúdio a todo e qualquer ato de violência contra a mulher.

A Casa se solidariza com a deputada Gracinha Mão Santa, que foi alvo de um ataque claro à sua dignidade, por meio de declarações que não apenas ofendem a parlamentar, mas atentam contra todas as mulheres. É inadmissível que, em pleno século XXI, mulheres continuem sendo alvo de intimidações e agressões — físicas, verbais ou simbólicas — em razão de seu gênero ou papel público. Nenhuma forma de violência pode ser tolerada ou naturalizada.

A Assembleia Legislativa reafirma seu compromisso com o respeito às mulheres e com a promoção de um ambiente seguro e digno para todas; e ressalta que é dever de todas as instituições, e da sociedade, combater a cultura da violência, denunciar seus autores e assegurar que sejam devidamente responsabilizados.


Por fim, a Mesa Diretora confia que as autoridades competentes adotarão as providências legais cabíveis, garantindo que episódios dessa natureza não fiquem impunes.

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