Mayrla Torres e Antônio Rocha/TV Clube
mayrlatorres@tvclube.com.br

A seca prolongada tem castigado municípios do semiárido piauiense e provocado colapso no abastecimento de água, perdas nas lavouras e prejuízos para criadores. Em Simões, no Sul do estado, já são quase quatro meses sem chuvas, com açudes secos, lavouras perdidas e comunidades inteiras sem acesso à água potável.

“Na comunidade Serra dos Cláudio, o açude não chegou a atingir 30% da capacidade este ano. Temos outros oito nessa situação na região da Chapada do Araripe. O que não está seco, está no limite da reserva”, explicou Raimundo Nonato Leite, coordenador municipal de Proteção e Defesa Civil.

O cultivo da mandioca, principal atividade agrícola da região, está comprometido. Também houve perdas na produção de milho e feijão. A agricultora Daniela, moradora da zona rural, conta que não conseguiu colher nada nesta safra.

Sem água nas cisternas, moradores enfrentam racionamento. “Aqui não tem açude, nem água encanada. É um lugar onde as águas são distantes. O inverno foi fraco e não tem água nem na torneira”, lamentou Maria José da Silva, moradora de uma comunidade afetada.

A barragem Salgadinha, principal reservatório de Simões, está com apenas 15% da capacidade. A água dela abastece mais de 3 mil famílias da zona rural e metade da cidade. Segundo a Defesa Civil, o nível está próximo do chamado “volume morto”, quando a água não pode mais ser bombeada.

“Esse abastecimento deve durar até o fim de agosto. Hoje temos três carros-pipa do Governo Federal, seis do Estado e vinte do município. Mesmo assim, não dá conta. Seriam necessários pelo menos 50 carros-pipa”, afirmou o secretário municipal de Agricultura, Rosenalvo Coelho.

Em Caridade do Piauí, o cenário se repete. Além das lavouras, a criação de animais é afetada. Sem pasto, criadores recorrem ao mandacaru e à macambira como alternativa de alimentação para o gado. “Os animais estão morrendo de fome e sede”, relatou o agricultor Expedito Moraes.