A dona Luzia Mota, aos 71 anos, precisa contar nos dedos para lembrar o nome dos 14 netos. Metade tiveram a avó como figura materna. Ela se orgulha do tempo dedicado à criação dos netos.
“De todos que eu criei, ninguém seguiu mau caminho. Todo mundo tem a sua família, vive a sua vida, não caiu no mundo da droga e nem do tráfico. Isso, para mim, é o maior orgulho que eu tenho na vida”, afirmou.
Ela ainda cuida do neto, Miquéias Rodrigues, de 17 anos. Ele nasceu com hidrocefalia e mielomeningocele, que é uma condição que pode levar a diversas complicações neurológicas e motoras, afetando o desenvolvimento da criança. Mesmo sem conseguir andar, a maioria dos obstáculos da vida com o apoio da avó.
“É uma sensação muito boa, porque eu não sei como seria na minha vida e até onde eu chegaria sem minha avó”, disse o neto.
No papel de avô, o seu Messias Bezerra disse que também é bem próximo dos netos, mas é a dona Luzia quem dita as regras em casa. “É a mesma conversa. A mesma história que ela conta é a mesma que eu vou dizer”, brincou.
Rede familiar
A bancária Patrícia Gomes se tornou avó aos 40 anos, assim como a sua mãe, Valdira Craveiros. A rotina intensa de trabalho faz com que Patrícia demore um pouco mais para ver a neta, Ana Beatriz, de 4 anos.
No entanto, uma rede de apoio formada pela família garante a união dos laços familiares. Para estabelecer a sua relação com a Ana Beatriz, a Patrícia revelou que teve como fonte de inspiração a relação dos próprios pais com as filhas dela.
“O contexto no qual eu me tornei avó é bem diferente da minha mãe, porque eu tenho uma jornada de trabalho intensa. Aos fins de semana, a gente aproveita para estarmos mais juntas e criar memórias afetivas, fortalecendo o vínculo com a convivência”, declarou.
Valdira Craveiros e Policarpo Gomes são avós maternos das filhas de Patrícia: Iasmin Gomes e Karen Arruda, mãe da Ana Beatriz. As netas foram criadas pelos avós e não escondem a forte relação de afeto construída com os avós.
“Dizem que os avós são pais e mais duas vezes. Eu tenho muito isso como verdade. Como a minha mãe já falou, os tempos mudam e a rotina dela e muito corrida. A minha maior rede de apoio são os meus avós”, disse Karen.
Questionada sobre a intenção de aumentar a família com mais netos, Valdira não escondeu o desejo. “Se Deus mandar mais, eu aceito com muito prazer porque é benção. Filhos, netos e bisnetos são bênçãos. Quem tiver o privilégio de ser avó e bisavó, agradeça a Deus”, completou.
Laços fortalecidos
Neste sábado (26), é comemorado o Dia dos Avós. Para a psicóloga Danielle Dourado, esse laço forte entre avós e netos vai além da convivência. Esse contato é essencial para o desenvolvimento emocional das duas partes.
“Os avós, ao contarem uma história do tempo deles, eles dão a essa criança a sensação de elas serem parte de algo que foi e ainda será. É justamente esse elo entre o passado e o futuro”, explicou.
