21 de agosto de 2025

Delegado detalha como advogados alvos de operação coagiram desembargadores do TJ-PI

Segundo ele, a motivação seria desacreditar os juízes e obter resultados favoráveis em processos.

Eduardo Amorim

Editor
Publicado há 1 hora

Compartilhe:

O delegado Talles Gomes deu mais detalhes sobre a investigação da Polícia Civil do Piauí contra advogados suspeitos de praticar crimes contra magistrados, incluindo coação e calúnia qualificada. Segundo ele, a motivação seria desacreditar os juízes e obter resultados favoráveis em processos.

Os mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas residências dos investigados e em seus escritórios, com acompanhamento de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Piauí (OAB-PI).

De acordo com o delegado, os advogados teriam forjado uma denúncia como forma de chantagem contra magistrados, mas após a abertura de inquérito policial, um deles pediu retratação.

“A investigação foi iniciada após um requerimento de um juiz que, juntamente com uma magistrada e um desembargador, foi ‘denunciado’ ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Foram alegadas algumas situações e instauramos o inquérito. Mandamos intimação para a pessoa da denúncia e, dias depois, ela apresentou pedido de retratação”, relatou Gomes.

Em outro episódio, um advogado teria afirmado, na presença de um juiz e de um servidor, que o magistrado responsável pelo boletim de ocorrência estaria influenciando um processo, o que configura calúnia. Já um segundo advogado teria entregue um dossiê com acusações a um desembargador durante atendimento. O magistrado se sentiu coagido, entregou o material à polícia e relatou que o mesmo documento foi compartilhado em grupos de WhatsApp que reuniam advogados e jornalistas.

“Esse suposto dossiê também foi postado em grupos de WhatsApp onde há advogados e jornalistas de Teresina. Essas circunstâncias estão sendo investigadas. Já marcamos interrogatórios com os advogados”, acrescentou o delegado.

Na operação, foram apreendidos celulares e notebooks. Não houve decretação de prisão por falta de provas concretas, mas o material apreendido e os depoimentos devem contribuir para a elucidação do caso.

Os advogados são investigados por calúnia qualificada e coação contra servidores públicos. Participantes dos grupos de WhatsApp que tenham compartilhado informações falsas também podem ser responsabilizados.

Nota da OAB

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Piauí, por meio do Sistema Estadual de Defesa das Prerrogativas da Advocacia, informa que está acompanhando, desde as primeiras horas desta quinta-feira (21), a operação deflagrada pela Polícia Civil do Estado do Piauí na cidade de Teresina.

Equipes da Comissão de Defesa das Prerrogativas estiveram presentes nos locais de cumprimento dos mandados, assegurando que sejam respeitadas as prerrogativas profissionais e as garantias legais da advocacia.

A OAB-PI já requereu a imediata retirada de imagens e fotografias que exponham advogados investigados, tendo em vista que o processo tramita sob sigilo e que a divulgação indevida viola direitos e prerrogativas da advocacia.

A Seccional reafirma sua vigilância integral sobre os desdobramentos e o compromisso com a defesa intransigente das prerrogativas da advocacia e do devido processo legal.


📲 Siga o Portal ClubeNews no Instagram e no Facebook.

Envie sua sugestão de pauta para nosso WhatsApp e entre no nosso Canal.
Confira as últimas notícias: clique aqui! 

Leia também: