A situação da seca no Piauí tem se agravado com o passar dos meses e já atingiu todos os municípios do estado. Ao todo, 129 cidades já decretaram estado de emergência devido ao problema, que resulta em prejuízos aos produtos rurais e transtornos à população.

A região do semiárido é a mais difícil, onde a falta de chuvas é considerada a pior dos últimos anos. Em Fartura do Piauí, no Sul do estado, ainda não choveu em 2025. A estiagem provocou o esvaziamento da Barragem Tanque de Areia, próximo à divisa do estado com a Bahia.

Como consequência, mais de cinco mil pessoas foram afetadas, ficando sem água para as atividades básicas diárias, como beber, cozinhar, tomar banho e afazeres domésticos.

O agricultor João Ferreira da Silva falou à TV Clube que está desapontado com a perda de sua plantação. “A situação aqui é crítica. Não choveu neste inverno passado. A gente plantou feijão e milho. Faz vergonha se chegar na roça hoje e olhar onde foi que a gente plantou”, disse.

A pouca água encontrada nas comunidades rurais é imprópria para o consumo. Ainda assim, moradores percorrem longas distâncias em busca do líquido. É o caso do idoso Edvaldo, que caminha cerca de 2 km três vezes por dia para levar para casa o que sobrou no açude.

“A água que tem é essa daqui [para] tomar banho, lavar roupa e para as ‘labutinhas’ de casa. Tudo tem que fazer dela. Quando seca aqui, a gente tem que caçar outra longe. A situação tá um pouco feia aqui porque a seca tá assolando”, lamentou.

Para amenizar a situação, carros-pipa do Exército e da Defesa Civil abastecem a região, mas a quantidade disponibilizada é insuficiente para todas as famílias.

Os moradores que podem, pagam por fora para obter água. Uma carga com 9.000 L chega a custar até R$ 1.200,00.

Para evitar danos maiores, a alternativa encontrada por alguns criadores de animais foi a venda do rebanho. O agricultor Adelmar da Silva Soares, que cria gado, já repassou metade do bichos e teme que a parte que sobrou não sobreviva.

“Tem que dar comida igual dá a galinha. Tem outra parte morrendo lá em outra propriedade. Não dá para ficar por morrem. Assim mesmo, vendendo a metade, ficando outro pouquinho, ainda morrem”, relatou.