
O juiz manteve as prisões de Maria dos Aflitos e Francisco de Assis Pereira da Costa, acusados de matar envenenados sete familiares e uma vizinha em Parnaíba, no litoral do Piauí. A decisão ocorreu durante audiência de instrução do casal.
Nas considerações finais, as defesas dos acusados solicitação revogação da prisão preventiva. O pedido foi negado, com a justificativa que iria submeter a sociedade à risco enorme caso a liberdade dos acusados.
Durante a audiência de instrução, o casal, acusado de envenenar 10 pessoas da mesma família, voltou atrás da confissão e atribuiu a autoria do crime a uma das vítimas, Maria Jocilene da Silva, de 32 anos, vizinha da família.
O advogado de Maria dos Aflitos solicitou que ela permanecesse na Penitenciária Mista de Parnaíba, cidade onde ela tem familiares. Em resposta, o magistrado solicitou um parecer do sistema prisional sobre a possibilidade de vaga na unidade.
Já a defesa de Francisco de Assis solicitou a substituição da prisão preventiva por aplicação de medidas cautelares, como monitoramento eletrônico, e a permanência do acusado na Cadeia Pública de Altos. O juiz acatou apenas o pedido de manter o acusado preso na CPA.
Os envenenamentos
Entre as vítimas do casal estão dois netos de Maria dos Aflitos: João Miguel Silva, de 7 anos, e Ulisses Gabriel Silva, de 8, que morreram após ingerirem cajus contaminados, em agosto de 2024.

Na época, Lucélia Maria da Conceição, vizinha da família, foi presa suspeita de ter entregado as frutas às crianças. A casa dela foi incendiada pela população, revoltada com o caso.
Já em 1º de janeiro deste ano, oito membros da família foram hospitalizados após consumirem arroz envenenado que havia sobrado da ceia de Réveillon. Nos dias seguintes, cinco dessas pessoas morreram.
As vítimas eram dois filhos e três netos de Maria dos Aflitos, entre elas Francisca Maria Silva, de 32 anos, mãe das crianças que haviam comido os cajus cerca de seis meses antes.
Dias depois, uma vizinha identificada como Maria Jocilene da Silva, de 41 anos, também morreu após tomar café na residência onde os crimes foram cometidos.
No mês de março, Maria dos Aflitos e Francisco de Assis tornaram-se réus por oito homicídios qualificados e três tentativas de homicídio qualificado.
Arroz envenenado
O laudo da Polícia Científica do Piauí encontrou terbufós, uma substância altamente tóxica, usada em pesticidas e agrotóxicos, no arroz consumido pela família de Francisca Maria, mãe dos meninos envenenados com cajus em 2024, no primeiro almoço do ano, em Parnaíba.
“Qualquer quantidade já faz mal, qualquer uma. Ela afeta a transmissão dos estímulos nervosos em todo o corpo. Dando crise convulsiva, falta de ar, dores, cólicas abdominais – inclusive afeta o coração também”, destaca o perito-geral do departamento de polícia científica-PI, Antônio Nunes Pereira.
Esse produto químico aparece na composição do chumbinho, usado normalmente contra ratos, e proibido no Brasil.

As vítimas:
– João Miguel Silva (sete anos de idade)
– Ulisses Gabriel Silva (oito anos)
– Manoel Leandro da Silva (18 anos de idade)
– Maria Lauane Fontinele Lopes Silva (três anos de idade)
– Francisca Maria Silva (32 anos de idade)
– Maria Gabriele Silva (quatro anos de idade)
– Lívia Maria Leandra Silva (17 anos)
– Maria Jocilene da Silva (41 anos)
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