
A hora do lanche escolar é um grande desafio para muitas famílias, especialmente quando a criança apresenta seletividade alimentar. Esse comportamento é bastante comum em crianças no espectro autista ou com TDAH, mas também pode aparecer em outras fases da infância. O lanche, no entanto, não precisa ser fonte de estresse: com organização, criatividade e
paciência, é possível oferecer opções nutritivas e ao mesmo tempo aceitas pela criança.
Segundo a nutricionista norte-americana Kay Toomey, referência no tratamento da seletividade alimentar, a chave está em respeitar o ritmo da criança e expor gradualmente a novos alimentos, sem pressão. Ou seja: não se trata de forçar, mas de criar oportunidades para que a criança descubra sabores e texturas.
Por que se preocupar com o lanche escolar?
O lanche faz parte de um momento importante da rotina alimentar. Ele ajuda a:
- Manter a energia e a concentração durante as aulas.
- Evitar longos períodos de jejum, que podem aumentar a irritabilidade.
- Ser um espaço para apresentar novos alimentos em pequenas quantidades, em um ambiente social.
O Guia Alimentar para a População Brasileira (Ministério da Saúde, 2014) reforça a importância de priorizar alimentos in natura e minimamente processados, como frutas, queijos, pães caseiros e preparações simples.
Estratégias práticas para crianças seletivas:
- Comece pelos aceitos: se a criança já gosta de pão, bisnaguinha ou bolo de queijo, comece adaptando versões mais nutritivas (integral, caseira, com menos açúcar e gordura).
- Pequenas mudanças: troque o suco de caixinha por um suco natural diluído ou água saborizada com frutas.
- A apresentação conta: cortar frutas em formatos divertidos, usar potinhos coloridos ou espetinhos pode despertar curiosidade.
- Inclua a criança: envolvê-la na escolha e preparo da lancheira aumenta a chance de aceitação.
Exemplos de combinações equilibradas
Uma lancheira nutritiva pode conter 1 fonte de carboidrato + 1 fonte de proteína + 1 fruta. Veja algumas opções:
- Carboidrato: pão integral, bolo caseiro, bisnaguinha caseira, beiju/tapioca.
- Proteína: queijo, ovo mexido em muffin, patê de frango caseiro, iogurte natural.
- Fruta: maçã cortada, uva sem semente, banana em rodelas, mamão em cubinhos.
Sugestões práticas de lanches para seletivos:
- Pãozinho de queijo caseiro + uva + água de coco.
- Bolo de cenoura caseiro (pouco açúcar) + queijo em cubos + maçã em fatias.
- Tapioca com queijo + banana fatiada.
- Mini sanduíche de frango desfiado + suco de maracujá natural.
Um passo de cada vez
Vale lembrar que a seletividade alimentar não muda da noite para o dia. Cada fruta experimentada, cada mordida em algo novo é uma vitória. Como destaca Ellyn Satter, autora de Secrets of Feeding a Healthy Family, “o papel dos pais é oferecer alimentos variados e seguros; o papel da criança é decidir se vai comer e quanto vai comer”.
Ou seja: ofereça, insista de forma leve, e celebre pequenas conquistas. O lanche pode (e deve) ser nutritivo, mas também precisa ser um momento prazeroso, sem cobranças.
Por Camila Maria Silva Leite – Nutricionista Materno Infantil, Especialista em Nutrição Funcional e Terapia Alimentar no Autismo e TDAH
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