Um incêndio atingiu áreas rurais entre Valença e Pimenteiras, no Piauí, e causou prejuízos à produção de mel e à agricultura familiar. Parte das colmeias do apicultor Clemilson Silva, que há 15 anos trabalha com criação de abelhas na região, foi destruída pelas chamas. Ele mantém mais de 250 caixas de apiários.

“Dessa proporção nunca chegou a acontecer. Incêndio na mata já houve, mas a gente teve o cuidado de fazer uma cerca boa para o fogo não queimar as colmeias. Mesmo assim o fogo veio e queimou”, contou Clemilson.

Além das colmeias, o incêndio atingiu lavouras e pastagens usadas por pequenos produtores. Segundo Devaldo Nunes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Valença, as queimadas afetam todo o ciclo da produção agrícola.

“As queimadas trazem um prejuízo ambiental, econômico e social. O agricultor que tá colhendo o pouco de caju, o capim seco que alimenta o rebanho, perde tudo. O fogo destrói toda a fauna”, destacou.

Os incêndios também causaram desequilíbrio ambiental e trouxeram outro desafio para os apicultores: o ataque de formigas taiocas. Sem alimento na vegetação destruída, elas passaram a invadir as colmeias.

“Se trata da formiga do tipo taioca. Ela chega e domina as abelhas, que não têm defesa contra elas. Por conta das queimadas, estão enfraquecidas. O Clemilson relatou colmeia com apenas 10% dos indivíduos que normalmente estariam ali”, explicou Ênio Lima, fiscal agropecuário da Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (ADAPI).

De acordo com Alexandre Nunes, diretor da brigada municipal de Valença, 90% dos incêndios na região são causados por ação humana, principalmente durante a queima de terrenos para limpeza. “O homem coloca fogo pra limpar e acaba causando esses incêndios”, afirmou.

Nas últimas semanas, cinco grandes focos de incêndio foram registrados em Valença. Brigadistas e moradores trabalham juntos para conter o fogo e reduzir os prejuízos ao meio ambiente e à produção rural.