
Uma grande parcela da população em algum momento da vida vai ter (acredite: até Seu Médico da Tontura tem zumbido as vezes). Zumbido é o som percebido sem que haja uma fonte externa o produzindo. Esta percepção sonora é gerada por alterações na via auditiva ou em estruturas próximas ao ouvido, como vasos sanguíneos, músculos e articulações, como por exemplo a Articulação Temporomandibular (ATM), devendo sempre, portanto, ser investigada pois se trata de um sintoma que deve ter sua causa determinada.
Minha rotina de atendimentos é recheada de pacientes com a queixa de zumbido que se surpreendem quando digo que, aproximadamente, segundo as pesquisas mais recentes, apenas 20% dos pacientes com zumbido se incomodam a ponto de procurar avaliação médica por conta deste sintoma. Além disso, apenas 3% apresentam o que chamamos de Zumbido Grave. A forma como os pacientes reagem ao mesmo sintoma varia de forma individual e muito particular, que pode se mostrar de uma catastrofização extrema com desfechos trágicos à completa indiferença.
O modo como os pacientes portadores de zumbido grave experimentam este problema é muito mais intenso e, por vezes, literalmente doloroso, causando prejuízo em vários momentos do cotidiano devido ao estado de alerta que frequentemente é ativado acompanhado de pensamentos e sensações negativas que potencializam medos e várias distorções cognitivas. O problema nestes casos deixa de ser apenas sensorial para invadir os campos cognitivo e emocional.
O estado de alerta persistente em que o paciente com Zumbido Grave se encontra potencializa a percepção de um sintoma de origem, na maioria dos casos, sem grande potencial de risco à vida. E o estado de alerta vem do medo, das preocupações e das dúvidas diante daquele som que o paciente não sabe de onde vem. Em frente a isso, é primordial, desde a primeira abordagem no tratamento, explicar a causa, tentar minimizar os medos, acolher as angústias e dar boa informação para acalmar aquela mente aflita. Ficar tocando na ferida aumenta a intensidade e a duração da dor.
Da mesma forma acontece com a percepção do zumbido quando se fica muito alerta ao encará-lo. No aconselhamento do paciente que requer tratamento nesses casos, deve-se buscar a capacitação deles para que domine e tenha controle sobre o que se sente. Lembre-se que Zumbido é do tamanho que deixamos que ele seja, do tamanho da importância que deixamos que ele ocupe em nossa vida. Alerta para buscar causa e tratamento com otoneurologista, que é o especialista em tontura e zumbido, mas não tão alerta para deixar que ele tenha mais importância que deveria. Combinados? Seguimos juntos!
Máriton Borges – Otorrinolaringologista com subespecialidade em otoneurologia
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