
Os donos de postos de combustíveis no Piauí, Maranhão e Tocantins são suspeitos de usar bombas adulteradas para abastecer menos do que o valor mostrado no painel — prática conhecida como “medida baixa”. A fraude foi descoberta durante a Operação Carbono Oculto 86, deflagrada na quarta-feira (5), e está sendo investigada pela Polícia Civil do Piauí.
O Instituto de Metrologia do Estado do Piauí (Imepi) identificou cerca de 40 placas com suspeita de adulteração. Ao todo, mais de 70 empresas estão envolvidas no esquema, incluindo postos, construtoras, distribuidoras, transportadoras e fintechs. As movimentações financeiras suspeitas somam R$ 5 bilhões, sendo R$ 300 milhões apenas no Piauí.
Segundo o inquérito, 504 notas fiscais eletrônicas foram emitidas por distribuidoras ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), envolvendo mais de 70 CNPJs. A investigação aponta que fundos e empresas que compraram postos no Piauí têm ligação direta com alvos da operação deflagrada em São Paulo. Entre os nomes citados está Rogério Garcia Peres, gestor da Altinvest, fintech usada pelo PCC para movimentar dinheiro ilícito.
Notas fiscais apreendidas mostram transações entre empresas piauienses e distribuidoras paulistas já investigadas por lavagem de dinheiro e adulteração de combustíveis, como Duvale Distribuidora, GGX Global e Copape Produtos de Petróleo. Uma das remessas identificadas foi de R$ 702 mil, enviada por Denis Villani a uma empresa controlada por um “laranja” já identificado.
A Polícia Civil do Piauí encontrou semelhanças entre os esquemas locais e nacionais, como o uso de fundos de investimento, fintechs clandestinas, empresas de fachada e adulteração de combustíveis como fachada para lavagem de dinheiro.
As medidas adotadas estão a prisão temporária dos principais investigados, a busca e apreensão domiciliar em residências e sedes empresariais, o bloqueio judicial de contas e bens móveis e imóveis, a interdição imediata dos postos de combustíveis envolvidos e a suspensão das atividades econômicas das empresas associadas.
Principais envolvidos:
- Haran Santhiago Girão Sampalo e Danilo Coelho de Sousa: ex-proprietários da Rede HD, responsáveis pela expansão e venda do grupo.
- Moisés Eduardo Soares Pereira e Salatiel Soido de Araújo: intermediários e “laranjas” em empresas com sede em São Paulo.
- Denis Alexandre Jotesso Villani: empresário paulista ligado à Rede Diamante, com participação em 40 empresas, incluindo 12 postos no Piauí.
- Rogério Garcia Peres: gestor da Altinvest, apontado como operador financeiro do PCC.
Empresas envolvidas:
- Pima Energia Participações Ltda.: holding criada antes da compra da Rede HD, ligada ao Jersey Fundo de Investimentos e à Altinvest.
- Mind Energy Participações Ltda.: usada para transferir parte das unidades; também tem sede em São Paulo.
- Rede Diamante/DNPX Diamante Nice Participações Ltda.: controla 12 postos no Piauí e Maranhão; pertence a Denis Villani.
- Fintechs e distribuidoras: Altinvest, Jersey FIP, GGX Global Participações, Duvale Distribuidora e Copape Produtos de Petróleo.
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