Os números do IPCA-15 reforçaram que os preços estão em uma trajetória mais favorável. Nos 12 meses até novembro, o índice (que é uma prévia da inflação) ficou em 4,5%, dentro do intervalo de tolerância da meta. Desde fevereiro a inflação estava acima desse teto.

Pela regra da meta de inflação, toda vez que o limite é superado por seis meses consecutivos, o presidente do Banco Central precisa enviar uma carta ao Ministério da Fazenda explicando os motivos para o descumprimento da meta.
Foi o que aconteceu em agosto deste ano, mas não deve acontecer no início de 2026, justamente porque a inflação esfriou nos últimos meses.

A melhora recente dos preços é fruto da combinação entre a queda do dólar e dos preços de commodities. Essa combinação apareceu, por exemplo, nos preços dos combustíveis – em novembro, a gasolina recuou quase 0,5%, ajudando a puxar o índice geral para baixo.

Por outro lado, existem ainda fatores limitando a melhora da inflação. Os preços de serviços, que têm peso relevante no IPCA, registram alta de 6,2% em 12 meses, um patamar muito elevado.

O mercado aposta em uma expectativa de que a inflação brasileira pode voltar a acelerar por causa dos preços elevados de serviços e pela possível valorização do dólar nos próximos meses. Acredita-se que o IPCA terminará 2026 em 5%, voltando a superar o limite da meta.

Enquanto o mercado de trabalho seguir aquecido, o custo de mão de obra e a inflação do setor devem continuar sob pressão. E a nossa expectativa é que o desemprego continue baixo no ano que vem.

O cenário externo, principalmente relacionado com o comportamento da economia americana que vem registrando alta no custo de vida, poderá ser um fator de influência nos números da economia brasileira.

Se o cenário de inflação controlada dentro dos limites da meta persistir, há uma tendência de que o Banco Central do Brasil trabalhe com a possibilidade de redução da SELIC, já no início de 2026, para o patamar de 13%.

Mário Augusto Teles
Economista