5 de julho de 2025

Caso Sereia: polícia prende trio suspeito de matar e enterrar adolescente em Teresina

Thálef Santos

Publicado em 28/04/2023 13:40

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Três suspeitos de assassinar a adolescente Gizele Vitória Silva Sampaio, de 17 anos, conhecida como “Sereia”, foram presos no Piauí e no Rio de Janeiro, na quinta-feira (27) e sexta-feira (28).

A “Operação Sereia” investigava o crime desde 8 de março de 2021, quando a adolescente saiu de uma casa na zona Norte de Teresina em um carro preto, por volta das 1h30, e não voltou mais.  No dia 28 de abril, familiares da vítima receberam fotos dela morta em uma cova, através do WhatsApp.

De acordo com a delegada Nathalia Figueiredo, da Delegacia de Feminicídio, a morte de Gizele Vitória foi praticada com requintes de crueldade e a motivação foi por briga de facções, já que “sereia” se dizia faccionada e foi submetida ao ‘tribunal do crime’.

“Foi um crime praticado com extrema crueldade. Segundo informações de testemunhas, a adolescente se dizia faccionada, então tivemos elementos para concluir que a morte dela foi por conta de briga de facção. Ela teria sido submetida a uma espécie de tribunal do crime”, destaca a delegada.

O delegado Francisco Costa “Baretta”, coordenador do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), contou que um piauiense, de iniciais I.R.S. foi preso na tarde de quinta-feira (27) em um shopping no Rio de Janeiro, com apoio de uma equipe coordenada pelo delegado Willians Batista.

O suspeito passará por audiência de custódia e aguarda autorização judicial para o recambiamento até Teresina. Outro suspeito, de iniciais I.S.P., foi preso nesta sexta-feira (29), no bairro Poti Velho, zona Norte de Teresina.

O terceiro investigado, de iniciais J.G.S.L., já se encontra no sistema penitenciário do Piauí condenado por outro crime.

Cova rasa relacionada ao caso Sereia – Foto: Polícia Civil

ENTENDA O CASO

O desaparecimento da adolescente foi registrado no dia 22 de abril de 2021 na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente – DPCA.

Conforme o relato no boletim, familiares da jovem desaparecida, informaram que, no dia 08 de abril do ano passado, por volta de 01h30, a adolescente saiu de casa em veículo preto, modelo Gol ou Voyage, conduzido por um rapaz, que os familiares não souberam identificar.

Posteriormente, essa pessoa foi identificada como o suspeito de iniciais I.R.S., que foi preso no Rio de Janeiro dois anos após o crime.

Após os familiares receberam as fotos da vítima morta, no dia 22 de maio de 2021, Gizele foi localizada. O exame do Instituto Médico Legal (IML) confirmou a identidade da jovem em uma ossada encontrada em uma cova rasa, localizada na beira do Rio Poty, na região da Vila Mocambinho.

Segundo familiares, a vítima relatava sofrer ameaças, mas não dava detalhes sobre quem a ameaçava ou sobre os motivos.

“A gente saía e ela estava o tempo todo olhando para os lados, com medo, assustada. Ela dizia ‘estou em uma situação difícil, vão me matar’, mas não dizia quem e nem por quê. A gente não sabe o que aconteceu e nem o que motivou isso. Quando a gente perguntava, ela dizia ‘me deixa’ e não deixava a gente ver o celular dela, que ela usava o tempo todo, sem dizer com quem estava falando”, declarou a família.

Imagem de Gizele ainda viva dentro da cova recebida pela família – Foto: reprodução/arquivo pessoal

OUTRAS MORTES

A morte de Gizele teria relação também com o caso de outras duas meninas. Joyce Ellen e Maria Eduarda foram achadas mortas em 21 de março de 2021 em Timon (MA), cidade vizinha de Teresina (PI). Os corpos também foram encontradas em uma cova rasa.

Joyce e Gizele moravam em bairros próximos, na zona Norte de Teresina, e eram muito amigas, de acordo com a família de Gizele.

Segundo a Polícia Civil do Maranhão, “as adolescentes Joyce Ellen, de 15 anos, e Maria Eduarda, de 17 anos, foram torturadas e mortas. Os corpos foram enterrados em covas rasas após serem decretadas num ‘tribunal do crime’ realizado por organização criminosa”.

Suspeitos de matar as duas adolescentes em Timon foram presos ainda no ano de 2021. A Delegacia de Homicídios de Timon informou que “nenhuma das duas vítimas eram faccionadas, mas que uma das vítimas residia na área da organização rival e postava fotos fazendo menção ‘apenas por brincadeira’. Já a segunda vítima morava na área da organização que a matou, fazia fotos com o símbolo da referida organização sem ao menos participar e foi executada”.

“A gente chama atenção justamente pra essa participação de jovens que se encantam pelo poder que as facções criminosas vendem, mas que na verdade elas não têm esse poder. O destino (para quem participa) são dois, ou a morte ou a prisão”, ressalta a delegada Nathalia Figueiredo.

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