A empreendedora Natalice Barbosa deixou o município de Alagoinhas (BA), em 2022, para recomeçar sua vida em Parnaíba, litoral do Piauí, junto com sua filha Maitê. Na bagagem, ela trouxe algumas roupas, calçados e acessórios do seu antigo brechó e muitas incertezas sobre seu futuro profissional e econômico.

Porém, a insegurança logo se transformou em esperança ao conhecer o Projeto Elas Inspiram, coordenado por Dayane Lima. A iniciativa permitiu a baiana acreditar que era possível abrir um novo negócio na cidade e, assim, alcançar a autonomia financeira.

Além de ter conquistado esta meta, Natalice descobriu que havia um propósito ainda maior a cumprir. Então, ela decidiu compartilhar sua motivação com outras mulheres e ajudá-las a empreender.

Tamanha sororidade resultou na criação de mais uma ação para fomentar o empreendedorismo feminino em Parnaíba: o Encontro de Brechós. Isso comprova que, quanto mais fortalecida estiver a aliança entre mulheres, mais prosperidade irão alcançar em seus negócios.

“Dayane me convidou para uma feirinha no Porto das Barcas e me ajudou a conversar com o Rick, coordenador do Museu do Mar, para me deixar realizar o projeto naquele lugar. E ele permitiu, graças ao apoio de Dayane. Ela é um dos maiores exemplos de sororidade que temos”, disse.

A cooperação entre estas líderes estimulou o trabalho de muitas mulheres no município piauiense. Por meio do Projeto Encontro de Brechós, o Portal ClubeNews revela que, independentemente das circunstâncias, as microempreendedoras devem estar sempre de mãos dadas para formar uma vigorosa corrente de Sororidade & Negócios.

A ORIGEM

O início desta iniciativa se assemelha à missão de combater a violência contra a mulher, do Projeto Mulheres Empreendedoras, em Monsenhor Gil (PI).

Natalice relata que foi vítima de abuso psicológico durante cinco anos, pois seu ex-companheiro não aceitava o fim do relacionamento. Para superar esta situação, ela procurou ajuda profissional e arrumou emprego em um brechó de Alagoinhas.

“Estava com depressão, ansiedade e Síndrome do Pânico e recebi acompanhamento psicológico e psiquiátrico durante 4 anos. Em 2019, comecei a trabalhar em um brechó e me apaixonei pela atividade. Em seguida, trabalhei em um estacionamento de carros, onde arrumei um espaço para montar meu próprio negócio”, afirmou.

No entanto, a pandemia da Covid-19 trouxe dificuldades à ela. Além de perder o emprego, seu ex-marido adoeceu e faleceu, deixando a família em uma complicada situação financeira e emocional.

Filha de uma parnaibana, Natalice decidiu se mudar para o litoral piauiense, onde encontrou uma rede de apoio que estimulou seu anseio de ajudar outras mulheres.

UM ANO DE ATIVIDADES

O Projeto Encontro de Brechós completa um ano no próximo dia 7 de outubro e reúne mais de 40 empreendedoras dos setores de brechó, artesanato e alimentação.

“Convidei mulheres que trabalhavam com brechós nas feirinhas de bairro e fizemos o primeiro encontro com 30 expositores. Agora, o evento conta com a participação de 40 pessoas. Em um ano, percebi que houve maior valorização dos brechós da cidade”, frisou.

SORORIDADE TRANSFORMADORA

A sororidade presente no Encontro de Brechós transforma vidas e os negócios em Parnaíba. Os relatos das microempreendedoras reafirmam o quanto esta iniciativa é necessária.

Dona Terezinha Fernandes, de 63 anos, montou um brechó há sete anos, após a aposentadoria, para complementar a renda. Ser colaboradora do projeto trouxe maior visibilidade ao seu empreendimento.

“Eu me apaixonei desde o primeiro encontro, no qual tive a chance de fazer amizades e ter contato com um público maior. Não consigo me imaginar fora deste projeto, que transformou minhas vidas financeira e pessoal”, pontuou.

Lucilene Rodrigues, de 49 anos, também é dona de um brechó. A empreendedora conta que decidiu abrir seu negócio porque ganhava muitas roupas quando trabalhava como empregada doméstica.

Há 15 anos empreendendo neste setor, ela ressalta a importância do Encontro de Brechós.

“Sou muito feliz por abrir meu negócio. Conheci muitas pessoas ao participar do projeto, que me tornou reconhecida pelo meu trabalho”, comentou.

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