Emanuel Pereira*
emanuelpereira@tvclube.com.br
Uma mudança de cidade transformou a história de vida do jovem Enock Melo. Ele deixou o município de Brasileira, a 363 km de Teresina (PI), para morar na capital piauiense, no ano de 2022. Ao trocar de endereço, ele se encontrou no artesanato esotérico e passou a promover a ligação das pessoas com as energias da natureza.
Antes de ajudar outras pessoas, Enock passou pelo processo de autoconhecimento para melhor compreender a sua própria identidade e sexualidade.
Na quinta matéria especial da série “Nas cores do arco-íris“, o Portal ClubeNews vai contar a sublime jornada do empreendedor, artesão, massoterapeuta, tarólogo e bruxo natural Enock Melo, de apenas 18 anos.
O jovem criou uma loja com o intuito de inspirar pessoas a descobrir sua verdadeira essência por meio de produtos esotéricos.
Ao se identificar com a bruxaria natural – prática que busca o equilíbrio e bem-estar pelos elementos naturais -, ele enfrentou conflitos internos, ganhou mais confiança para lidar com o cotidiano e passou a trabalhar como artesão esotérico.
“Enfrentei muitos desafios internos e isso gerou uma mudança. Percebi uma necessidade de transformação quanto à minha sexualidade, que me obrigou a mudar de cidade, pois eu não me sentia mais confortável onde eu estava inserido. Por isso, vim para a capital, onde conheci pessoas da comunidade LGBTQIAP+ e pude desenvolver e difundir meu conteúdo e meu talento como artesão esotérico”, disse.
ESOTERISMO E SEXUALIDADE
O anseio por adquirir novos conhecimentos sempre fez parte da trajetória do rapaz, que criou sua loja de itens exotéricos aos 16 anos. Morar na capital Teresina fez o jovem desenvolver seu potencial como empreendedor e artesão. “Fiz curso de tarô com o intuito ofertar o serviço de cartomancia e outros oráculos, além de tornar um bruxo natural”, disse.
O artesão acredita que fazer parte do esoterismo ajudou a compreender sua sexualidade, especialmente porque a maioria dos seus clientes faz parte da comunidade LGBTQIAP+. Segundo ele, pessoas com interesse em aprender sobre o este assunto estão dispostas a se libertar de preconceitos.
“Essa área trabalha questões de preconceito. Então, quem escolhe entender e conviver neste meio são pessoas de mente aberta e querer evoluir espiritualmente e como seres humanos. Este é o caso do público LGBTQIAP+”, destacou.
ARTESANATO ESOTÉRICO
Enock produz diversos artefatos esotéricos, por exemplo, vasos personalizados, incensos, incensários, amuletos de proteção e prosperidade e banhos de ervas. Mais que gerar renda e conquistar sua independência financeira, o bruxo objetiva proporcionar bem-estar e inspiração a quem adquire os produtos.
Ele conta que cada peça fabricada carrega sua essência como empreendedor e foca na satisfação pessoal, pois somente assim é possível transmitir boas energias por meio do seu trabalho.
“Quando estou bem comigo mesmo, posso exalar paz e tranquilidade pelas minhas peças. Nessas artes, sempre há misticismo e magia, de modo que agrego sempre uma propriedade a cada artefato. Por esta razão, dá ainda mais trabalho produzi-las, visto que preciso estar alinhado com o propósito do item. Devo estar sempre programado mental e energeticamente para que todo o trabalho cumpra seu papel”, pontuou.
EMPREENDEDOR LGBT
O rapaz despertou sua vontade de empreender na adolescência. Em 2017, ele já trabalhava como fotógrafo de paisagens e de eventos sociais. Ele também fez curso de massoterapia.
“Muita gente não me levava a sério antes de conhecer meu trabalho. Duvidavam da minha capacidade por eu seu muito jovem e pela minha sexualidade. Percebia o preconceito pela maneira como me olhavam e por comentários que faziam sobre mim, só que eu nunca deixei isso me atrapalhar. Pelo contrário, usei isso como incentivo para crescer e deixar ainda mais clara minha identidade”, frisou.
Como empreendedor, Enock ressalta a ineficiência do poder público em oferecer oportunidades à comunidade LGBTQIAP+. Para ele, enquanto não houver incentivo por parte do Estado e da sociedade, este grupo vai permanecer marginalizado.
“Notícias sobre mortes e agressões a membros da comunidade são corriqueiras porque a maioria da sociedade insiste em excluir este grupo. Um exemplo disso são as pessoas transexuais, tão marginalizadas que muitas vezes precisam recorrer a ofícios que colocam suas vidas em risco. É por esta razão que precisamos de cada vez mais LGBTs no mundo dos negócios. Precisamos de exemplos que inspirem outras pessoas da comunidade a lutar pelos seus sonhos e alcançar a autonomia”, concluiu.
*Estagiário sob supervisão da jornalista Carlienne Carpaso
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