
Mais de 200 professores da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) deliberaram pelo não retorno às atividades docentes no dia 02 de janeiro de 2024 na instituição.
A decisão veio após Projeto de Lei do Governo do Estado, que altera o Plano de Cargos, Carreira e Remuneração da categoria docente, ampliando a carga horário em sala de aula.
Conforme a categoria, houve um “desrespeito ao princípio constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”
“Não houve diálogo com a categoria docente, não houve respeito à autonomia universitária. Esse projeto é um grande desrespeito à nossa classe e é um ataque à educação pública, de qualidade”, afirma Lucineide Barros, coordenadora geral da Associação dos Docentes da UESPI (ADCESP).
Outro ponto discutido pela classe fala sobre a defasagem salarial da categoria que, em 2023, ultrapassou o percentual de 68%. “Nós esperávamos era algum aceno do governo para a valorização, especialmente a questão salarial, pois estamos há 10 anos com perdas salarias acumuladas”, disse a professora.
Ao todo, professores dos campis de Teresina, Campo Maior, Piripiri, Parnaíba, Floriano, Oeiras, Uruçuí, Picos, São Raimundo Nonato, Bom Jesus e Corrente participaram da Assembleia Geral e aprovaram a greve geral.
O que diz o Projeto de Lei?
A proposto de Lei redistribui as horas de trabalho dos professores, reservando 16h semanais e 10 horas para outras atividades acadêmicas. A proposta, segundo a professora, vai prejudicar a qualidade de ensino, pesquisa e extensão na instituição.
“Na proposta do Executivo, nós não teremos mais cargas definidas para a pesquisa e extensão. O que indica a possibilidade de transformar a única universidade pública, mantida pelo governo do Piauí, em um ‘escolão’. Quando precisamos de pesquisa e extensão, inclusive para o enfrentamento as desigualdades do nosso estado”, explicou a coordenadora do ADCESP.
Em nota, a Administração Superior da UESPI informou que tem buscado dialogar com a assembleia legislativa e com o governo do estado acerca da proposta de alteração do plano de cargos, carreiras e remuneração do magistério superior.
A direção diz que está aberta para esclarecer qualquer equívoco em relação à distribuição dos encargos docentes atuais. Por outro lado, afirmou que não concorda com qualquer alteração que venha a prejudicar o tripé de ensino, pesquisa e extensão da universidade.