Condenado por vários crimes, Laércio Batista Pereira é um criminoso conhecido da Polícia Civil. Natural de Campo Maior, o preso na Operação Draco 86: Rota Caipira, possui vasta ficha criminal, incluindo um homicídio dentro da penitenciária Prof. José de Ribamar, na zona Sul de Teresina. Ainda na prisão, segundo a Polícia Civil, Laércio passou a integrar uma facção criminosa vinculada no estado de São Paulo.
Após ser localizado e preso novamente, a polícia obteve informações relevantes sobre a estrutura financeira da organização criminosa, que envolve um esquema nacional de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro mediante empresas de fachada. Com isso, a Polícia Civil (PC) deu início a Operação“ DRACO-86 Rota Caipira”. Em coletiva de imprensa, a Polícia explicou como funcionava o esquema.
“A partir do pedido de busca e prisão dele(Laércio), que foi feito aqui pelo estado do Piauí, cumprido com o apoio da Polícia Civil de São Paulo, a gente obteve informações sobre compra de droga na fronteira do Brasil, por Mato Grosso do Sul. A logística para a subida dessa droga até o Sudeste funcionava com parte dessa droga sai para o Porto de Santos e outra parte ela sobe até estados do Nordeste, onde ela vai ter um consumo final e também destino para regiões de Porto” contou o delegado Charles Pessoa.
Segundo delegado, esse destino é conhecido como Rota Caipira, ou seja, é a droga que entra no país pelo Centro-Oeste, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, sobe até o Sudeste e estados do Nordeste. A Rota Caipira é dominada por uma organização criminosa, localizada no estado de São Paulo.
” Em contraposição, a gente tem outra rota de chegada de drogas aqui no Nordeste, que ela vem pelo Norte do país, é a chamada Rota Norte, a droga entra pela Colômbia, tem a região do Amazonas e Pará, passando ali pelo Maranhão e entrando no Nordeste. Essa Rota Norte, já é dominada por outras organizações criminosas, então como nós estamos aqui no estado, que é um entreposto, geralmente ele é uma passagem para estados com um porto mais ativo, ou o destino final para o consumo de droga aqui no próprio estado, a gente acompanha o que acontece nessas rotas, troca informação com outras polícias e consegue entender” enfatizou.
Desarticulação do esquema criminoso
O delegado Anchieta Nery contou que diversas pessoas no Piauí, São Paulo e Mato Grosso do Sul estão envolvidas nesse esquema de tráfico e lavagem de dinheiro, e que cada pessoa atua em um núcleo organizado e ao todo, 18 mandados de prisão e 18 de busca e apreensão foram expedidos para cumprimento nesses três estados.
“Então, a partir desse trabalho num curto espaço de tempo a gente identificou três núcleos criminosos. Um núcleo de pessoas residentes no Piauí, que compram essa droga para distribuir em bocas de fumo, especialmente das cidades de Teresina e Campo Maior. Um núcleo de operadores logísticos que ficou em São Paulo nas cidades de Osasco e Carapicuíba. E o núcleo de operadores financeiros que recebeu os valores de compra de droga no Mato Grosso do Sul, na cidade de Corumbá”, disse o delegado Anchieta.
No Piauí foram expedidos 12 mandatos de prisão
Ainda segundo Anchieta, dos 18 mandados de prisão expedidos em três estados, Piauí, São Paulo e Mato Grosso do Sul; 15 deles foram cumpridos. No Piauí foram expedidos 12 mandados de prisão: 9 foram cumpridos, duas pessoas fugiram e uma morreu.
“São pessoas envolvidas em crimes violentos, então dos 18 alvos, a gente conseguiu executar 15 prisões, uma delas não ocorreu porque um dos nossos investigados entrou em confronto com a Polícia Militar na cidade de Campo Maior, na semana passada e acabou indo a óbito. Esse era responsável pela execução de alguns homicídios na cidade de Campo Maior. E um dos presos, na data de hoje, o Wesley, é conhecido da Polícia Civil e Militar na região por ser investigado como responsável intelectual de algumas desses homicídios”, enfatizou o delegado.
Ele também ressaltou a participação de núcleo familiar, e que a companheira do Laércio, alvo que deu origem a investigação, tem envolvimento direto. Conforme o delegado, as contas utilizadas por Laércio eram da própria Sabrina.
“E lá na região do Mato Grosso do Sul foi preso um pai, um filho e uma filha, envolvendo praticamente uma família por completo, e, todos eles, além do envolvimento com a Organização criminosa, tinham responsabilidade também pela sua logística de recebimento de valores e pagamento dessa droga que estava entrando no nosso estado” finalizou o delegado.
Ele contou que a participação familiar é comum neste meio, e que durante esse período os criminosos movimentaram um valor que supera a casa de um milhão de reais.