27 de julho de 2025

Febre de gripe no Brasil

Quem precisou de atendimento médico nas urgências da cidade recentemente se deparou com maiores filas de espera.

Máriton Borges

Otorrinolaringologista
Publicado em 26/05/2025 10:10

Compartilhe:

Síndrome respiratória aguda causada pelo vírus Influenza — Foto: Pixabay

Nos últimos dias, vi alguém brincando nas redes sociais dizendo que, no Brasil, atualmente ou a pessoa está gripada ou está ao lado de alguém que está gripado (espero que não tão próximo e de máscara, ok?). Percebe-se de fato um aumento importante do número de pessoas com sintomas gripais nas últimas semanas. As recepções de clínicas e hospitais corroboram essa impressão.

Quem precisou de atendimento médico nas urgências da cidade recentemente se deparou com maiores filas de espera ocupadas em sua maioria por pessoas e mesmo famílias inteiras com “uma gripe mais forte” ou “que tem demorado mais a passar”.  

A versão mais atualizada do Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado em 20 de maio de 2025, mostra que os principais responsáveis pelos quadros mais graves na infância são o Vírus sincicial respiratório, o adenovirus e o vírus Influenza A.

No outro extremo de idade, prevalecem Influenza A e Covid-19 (Ela ainda está aqui…), tendo a Influenza A ultrapassado este como principal causa de morte em idosos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) acima dos 65 anos. E os dados ainda sugerem a manutenção do crescimento de casos por Influenza A em várias partes do país nas próximas semanas.

Fonte: SIVEP-Gripe, atualizado em 19/05/2025, dados sujeitos a alteração. ** Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Guia de vigilância integrada da covid-19, influenza e outros vírus respiratórios de importância em saúde pública [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. – Brasília : Ministério da Saúde, 2024.

Diante do exposto, é fundamental reforçar a importância de medidas de prevenção como higiene de mãos, uso de máscaras e, principalmente, a realização da vacinação anual contra a gripe e Covid-19, especialmente para idosos, gestantes, crianças de 6 meses a 5 anos e pessoas com comorbidades.

Já que falei em vacina, convido a todos a refletir um pouco mais sobre esta situação na região onde vivo. Teresina tem o período mais chuvoso (pegar chuva não causa gripe, viu, pessoal?!) e com temperatura mais amena (o “inverno” do Meio Norte do Brasil), quando as pessoas se aglomeram mais frequentemente em ambientes fechados, entre os meses de janeiro e abril. Dentro deste mesmo período, há o retorno das atividades escolares geralmente no fim de janeiro e começo de fevereiro. A coincidência destes fatores favorece a disseminação de vírus respiratórios na nossa população e consequentemente o aumento de síndromes gripais.

No entanto, a vacinação contra Influenza deste ano na cidade só começou na rede pública no dia 7 de abril, sendo liberada para todos os grupos populacionais apenas no dia 21 de maio, uma vez que segue a programação de prevenção da sobrecarga dos serviços de saúde por síndromes respiratórias, que tendem a aumentar com o inverno do hemisfério sul (junho a setembro).

Por termos um “inverno antecipado” em relação à boa parte do país, nossa campanha de vacinação deveria ocorrer também com alguns meses de antecedência (quem sabe em dezembro ou começo de janeiro) a fim de já preparar nossa população para melhor enfrentar a coincidência dos predisponentes que citei agora há pouco. Enquanto isso não acontecer, continuaremos remediando muito mais do que o ideal.

Máriton Borges – Otorrinolaringologista com subespecialidade em otoneurologia

Leia também: