
Nos últimos dias, vi alguém brincando nas redes sociais dizendo que, no Brasil, atualmente ou a pessoa está gripada ou está ao lado de alguém que está gripado (espero que não tão próximo e de máscara, ok?). Percebe-se de fato um aumento importante do número de pessoas com sintomas gripais nas últimas semanas. As recepções de clínicas e hospitais corroboram essa impressão.
Quem precisou de atendimento médico nas urgências da cidade recentemente se deparou com maiores filas de espera ocupadas em sua maioria por pessoas e mesmo famílias inteiras com “uma gripe mais forte” ou “que tem demorado mais a passar”.
A versão mais atualizada do Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado em 20 de maio de 2025, mostra que os principais responsáveis pelos quadros mais graves na infância são o Vírus sincicial respiratório, o adenovirus e o vírus Influenza A.
No outro extremo de idade, prevalecem Influenza A e Covid-19 (Ela ainda está aqui…), tendo a Influenza A ultrapassado este como principal causa de morte em idosos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) acima dos 65 anos. E os dados ainda sugerem a manutenção do crescimento de casos por Influenza A em várias partes do país nas próximas semanas.
Diante do exposto, é fundamental reforçar a importância de medidas de prevenção como higiene de mãos, uso de máscaras e, principalmente, a realização da vacinação anual contra a gripe e Covid-19, especialmente para idosos, gestantes, crianças de 6 meses a 5 anos e pessoas com comorbidades.
Já que falei em vacina, convido a todos a refletir um pouco mais sobre esta situação na região onde vivo. Teresina tem o período mais chuvoso (pegar chuva não causa gripe, viu, pessoal?!) e com temperatura mais amena (o “inverno” do Meio Norte do Brasil), quando as pessoas se aglomeram mais frequentemente em ambientes fechados, entre os meses de janeiro e abril. Dentro deste mesmo período, há o retorno das atividades escolares geralmente no fim de janeiro e começo de fevereiro. A coincidência destes fatores favorece a disseminação de vírus respiratórios na nossa população e consequentemente o aumento de síndromes gripais.
No entanto, a vacinação contra Influenza deste ano na cidade só começou na rede pública no dia 7 de abril, sendo liberada para todos os grupos populacionais apenas no dia 21 de maio, uma vez que segue a programação de prevenção da sobrecarga dos serviços de saúde por síndromes respiratórias, que tendem a aumentar com o inverno do hemisfério sul (junho a setembro).
Por termos um “inverno antecipado” em relação à boa parte do país, nossa campanha de vacinação deveria ocorrer também com alguns meses de antecedência (quem sabe em dezembro ou começo de janeiro) a fim de já preparar nossa população para melhor enfrentar a coincidência dos predisponentes que citei agora há pouco. Enquanto isso não acontecer, continuaremos remediando muito mais do que o ideal.
Máriton Borges – Otorrinolaringologista com subespecialidade em otoneurologia