10 de junho de 2025

Ronco: quando o problema pode ir muito além do som

Máriton Borges

Otorrinolaringologista
Publicado há 1 dia

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Ronco (Foto: g1)

Dividir o quarto para uma noite que deveria ser de sono com uma pessoa que ronca costuma ser uma tarefa muito difícil para quem tem uma boa audição. Solução simples para este problema sonoro seria recomendar o uso de tampões auriculares para suprimir a percepção do ruído. Pena que muitas vezes o problema vai muito além do som.

Grande parte das pessoas que ronca não é apenas roncador primário e, sim, portador da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). O ronco primário é o ruído produzido por vibração na via aérea durante o sono sem causar diminuição frequente na respiração, muito menos queda da oxigenação do paciente. Desta forma, não influencia na eficiência do sono, causando prejuízo na saúde apenas de quem dorme ao lado.

Já o paciente portador de SAOS, pelo efeito cumulativo dos múltiplos eventos de parada ou diminuição dos movimentos respiratórios com a queda da saturação de oxigênio e fragmentação do sono, sofre vários prejuízos à saúde decorrentes desta condição. Há vários anos é sabido que, quanto mais grave o quadro de SAOS, maior a chance de o paciente desenvolver ou agravar quadros de pressão alta, diabetes, disfunções sexuais, trombose, Alzheimer, arritmias e até mesmo morte súbita. Por conta disso, o bom controle destas doenças muitas vezes requer investigação e tratamento adequados dos distúrbios do sono do paciente.

Estima-se atualmente que cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo sejam afetadas pela SAOS com uma significativa parcela ainda não diagnosticada muito menos tratada, o que gera um alerta importante a ser considerado pelos gestores de saúde pública. Pelo alerta da potencial gravidade do quadro, faz-se necessário tocar neste tema que muitas vezes ainda é visto como tabu. E aí, você ronca? Como está a qualidade do seu sono?

Máriton Borges – Otorrinolaringologista com subespecialidade em otoneurologia

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