Por que hoje falamos tanto sobre menopausa? São vários os motivos:

Em primeiro lugar, hoje vivemos muito mais!

 A expectativa de vida aumentou muito na população nos últimos cem anos, de modo que, se no início do século passado essa expectativa girava em torno dos 50 anos (a idade média da menopausa), hoje calculamos que as mulheres vão viver mais de um terço de suas vidas após a menopausa.

Segundo lugar, tivemos que aprender a entender e lidar melhor com doenças crônico-degenerativas próprias da idade, doenças oncológicas, promoção de saúde para longevidade e compreendemos sim que não basta viver mais, é preciso viver mais e melhor, com qualidade de vida. Neste contexto, compreender as consequências da menopausa sobre a qualidade de vida e seus impactos sobre o envelhecimento saudável, representou um grande divisor de águas para as mulheres.

Terceiro, as mulheres mudaram muito! E seus papéis na sociedade foram reescritos. Se antes a vida das mulheres girava ao redor da ideia de se casar, constituir família, ter filhos e cuidar dos filhos, a menopausa parecia chegar junto com o findar desses papéis, pesando sobre os ombros da mãe de filhos criados, agora o fim do papel reprodutivo, o ninho vazio e a falta de outras expectativas na vida.

Hoje temos uma mulher multifacetada, ciente da sua força motriz na sociedade, pronta a dividir papéis dentro e fora de casa com os homens, pronta a ocupar todos os espaços, se manter produtiva por muito mais tempo, e ampliar seu leque de interesses para muito além de cuidar dos filhos, atravessando a barreira da menopausa com energia e muitas novas expectativas.

Se ao longo da história, a palavra menopausa sempre carregou o peso do “etarismo” de uma mulher no “apagar das luzes” da vida (re)produtiva, hoje com tantos avanços e novas maneiras de pensar, abertos em grande parte por mulheres que desafiaram conceitos pré-existentes, cá estamos nós, desfrutando de saúde, energia e “juventude” em plena menopausa.

Menopausa significa somente o esgotamento da produção ovariana, isto é, falência hormônios e óvulos que nos permitiam reproduzir, e o espelho disso eram  as menstruações. Trata-se de uma passagem, assim como a puberdade e adolescência são igualmente uma passagem para a vida adulta (início da vida reprodutiva).

As consequências da falência hormonal dos ovários na menopausa vão desde um leque de sintomas bastante variados, cujo carro-chefe são as famosas ondas de calor, insônia, irritabilidade, depressão, sintomas a médio prazo como o ressecamento vaginal e a possível interferência sobra a vida sexual, até consequências a longo prazo, com interferências em vários sistemas metabólicos que culminam em maior risco de osteoporose, doenças cárdio vasculares e maior resistência insulínica.

A possibilidade da Reposição Hormonal de maneira segura, individualizada e iniciada dentro da “janela de oportunidade” dos primeiros anos após a menopausa é uma grande aliada da mulher. Mas ela não é suficiente sozinha! É preciso incorporar à reposição hormonal, a mudança do estilo de vida, incluindo alimentação saudável, variada e menos processada ao hábito de se exercitar com regularidade, combinando exercícios de força aos exercícios aeróbicos, abandonando maus hábitos como fumo e álcool e cultivando pequenas atitudes que te deixem em paz de espírito no dia a dia.

Compreender melhor a menopausa e saber lidar com essa fase da vida tem nos ajudado a desmistificá-la, retirando boa parte do seu peso e transformando-a em mais uma fase da vida na qual se possa viver com plenitude, equilibrando nossos vários papéis, com uma maior sabedoria decorrente da maturidade e sem a pressa ansiosa da juventude.

Quanto mais falamos sobre a menopausa, mais quebramos tabus e ajudamos outras mulheres a falarem também e se sentirem mais leves e compreendidas.

A menopausa está mais do que presente no nosso dia a dia nas nossas mães, tias, amigas, companheiras, artistas, cientistas, empreendedoras, gestoras etc. Para onde você olhar, haverá uma mulher perto de você na menopausa, mostrando que a vida segue seu curso com energia, força e serenidade.

Vamos sim falar cada vez mais sobre menopausa!

Profª Drª Simone Madeira – Ginecologista e Obstetra
CRM 1812-PI e RQE: 198