O Serviço Geológico do Brasil (SGB) identificou 39 novas ocorrências de fosfato, elementos de terras raras (ETR) e urânio na borda oriental da Bacia do Parnaíba, no estado do Piauí. Os estudos indicam que a região possui grande potencial para esses minerais, considerados essenciais para as indústrias tecnológica e energética, com impactos até na geopolítica global.

Apesar de chamados de “raros”, os elementos não são necessariamente escassos, mas apresentam alta complexidade no processo de separação e beneficiamento. Eles são fundamentais na fabricação de celulares, turbinas eólicas, veículos elétricos e outros equipamentos de alta tecnologia.

“Os resultados são preliminares, mas a tríade de minerais estratégicos no mesmo contexto é um bom indicativo”, afirma o diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB, Valdir Silveira.

Se confirmada por estudos mais aprofundados, a descoberta pode colocar o Piauí e o Brasil em posição de maior destaque no mercado internacional de minerais estratégicos. O potencial identificado pode impulsionar a criação de uma cadeia produtiva nacional nos setores de energia limpa, tecnologia de ponta e defesa, além de atrair investimentos e reduzir a dependência do país em relação a fornecedores estrangeiros.

Segundo o SGB, os principais depósitos de terras raras no Brasil estão associados a areias monazíticas em áreas costeiras, a complexos alcalinos e a granitos.

Terras raras

Os minerais conhecidos como “terras raras” se tornaram um dos recursos mais estratégicos do planeta, com papel central na transição energética e na produção de alta tecnologia. Eles compõem um grupo de 17 elementos químicos encontrados na natureza, geralmente misturados a outros minérios, o que torna sua extração complexa e eleva seu valor comercial.

Esses elementos são essenciais para a fabricação de turbinas eólicas, baterias de carros elétricos, cabos de transmissão, foguetes, equipamentos médicos, armamentos e dispositivos eletrônicos de última geração.

Importância da Bacia do Parnaíba

De acordo com o SGB, as formações onde as ocorrências foram identificadas se originaram em períodos de aquecimento global intenso, com amplas inundações marinhas. Esse cenário favoreceu a deposição de materiais ricos em fósforo e a concentração de elementos estratégicos em ambientes oceânicos com anoxia (ausência de oxigênio).

A Bacia do Parnaíba abrange áreas dos estados do Maranhão, Piauí e Ceará. É a bacia sedimentar mais estudada do país e cobre 282 municípios.