6 de outubro de 2025

De rudia na cabeça, bote o pote, o caminho é Teresina

Escritor
Publicado em 16/08/2025 14:30

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Pote na cabeça (Foto: Marcela Maia)

Cristalina a cajuína que me lembra com o seu jeito quente que meus pés são fincados no Piauí. Jeitosa, o vermelho dos telhados anunciam que o avião está para pousar e o rosto inconfundível de minha capital me dizem, copilotos, que em breve abraço minha saudade. A chegada em Teresina é um apagar vácuo.

Uma cidade de começos, novos ou velhos. Em Teresina muito se começa, eu lá comecei algumas vezes e de alguma maneira me apetece a consciência pensar que nestes começos inteiros ou partidos, fui, sou e serei o tudo, e não haverá pedaço meu que ficará de fora: somos piauienses, certo? O que é, precisas de algo, tu, sujeito? Venha, dou-lhe as mãos, boto a rudia na tua cabeça, vem panhar água mais eu, não nos fará companhia a sede.

A rosa de Torquato é memória, Teresina braço de arte e resistência, onde nasce e ecoa a cultura piauiense. É chão de gente arteira, quem escreve performa grita fala finge atua: todos nós em Teresina podemos contar com um palco. Nem todos com flores, isto é verdade, mas os tomates arremessados de forma hostil também ensinam.

Botando na cabeça as rudias, gente do estado inteiro sobe e desce as rodovias estradas carreiros com os potes de sonho e futuro incerto, entrando na fervura da capital e se alojando feito bala ansiosa na sombra da Estaiada, corte afiado na paisagem. Vá estudar, menino, menina! Vou ser médico, vou ser professor, vim pro meu doutorado, sou doutor; eu que sou doutora, vim cuidar do presente, sou eu neto de outros sonhos, vincos e marcas de outras histórias, o futuro sendo corda que me adorna e me amarra: desate-me, Teresina. Desate em mim, vamos! O piauiense tem em ti a esperança, me dê começos e meios, mas nunca o fim, peço.

Quem se vai, sente falta, e sempre volta. Chega-se no Piauí por Teresina, parte-se do Piauí de Teresina; em Teresina, para subir, passa-se também; e para descer? Oras, também!

Quase nunca indiferente, tudo ali no calor floresce. Uma hora ou outra. O povo inteiro abraça a capital, e ela, mãe enorme, recebe, acolhe e ensina, faz gente!

É aniversário de Teresina, e nós, piauienses, celebramos, perto, longe, ou dentro. Confetes à minha capital, onde me fiz eu, de onde parti e para onde sempre volto e voltarei. Viva!

Patrick Torres – médico e escritor


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