14 de novembro de 2025

Entenda por que barbatanas de tubarão e cavalos-marinhos são tão procurados pelo comércio ilegal

As espécies são vendidas ilegalmente com fins gastronômicos e medicinais.
Atualizado em 26/09/2025 09:58

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Barbatanas de tubarão (Foto: PM-PI)

Cerca de duas toneladas de barbatanas de tubarão e cavalos-marinhos foram apreendidas na noite de quinta-feira (25). Na ocasião, dois homens de origem chinesa foram presos em flagrante, em Parnaíba, litoral do Piauí.

Na China e em outros países asiáticos, a barbatana de tubarão é considerada como um item nobre da culinária. Questionados pela Polícia Ambiental sobre o material, os chineses, apontados como donos das barbatanas, informaram que eram para fins gastronômicos.

A atividade pesqueira para extrair e transportar a barbatana de tubarão promete ganhos altos no comércio ilegal, principalmente no Leste Asiático. Isso porque as nadadeiras podem ser usadas para preparar uma sopa de barbatana, símbolo de riqueza, status social e prestígio na cultura asiática, como Singapura e Taiwan.

A sopa de barbatana de tubarão é considerada uma iguaria em países asiáticos como a China e vista como símbolo de riqueza, prestígio e status social (Foto: Getty Images via BBC)

Neste prato, a barbatana se desmancha na água durante o preparo, deixando suas fibras moles como se fosse um macarrão fino. Historicamente, a iguaria era destinada para consumo apenas dos imperadores chineses.

Na China é comum encontrar a sopa em restaurantes refinados com preços que podem chegar a US$ 100 dólareso equivalente a aproximadamente R$ 535. A sopa é comum também em recepções como casamentos, festas de aniversário e durante as celebrações do Ano Novo chinês.

atividade pesqueira direcionada para captura de tubarões é proibida no Brasil. O objetivo dos criminosos é a retirada das barbatanas dos animais, um item de alto valor, cujo preço por quilo pode chegar a U$ 3.000,00 (três mil dólares) no mercado mundial.

A bióloga Georgia Aragão contou que a principal forma de retirada desses órgãos é o finning, que é uma prática onde os criminosos cortam a nadadeira do animal e jogam o corpo do peixe ainda vivo no mar.

“Com essa prática, o tubarão morre porque não consegue sobreviver sem a barbatana. É uma prática que é ilegal. Inclusive, o Brasil é o país signatário dessa legislação. E essa prática ainda é comum, a forma que eles pegam as barbatanas ainda é essa”, explicou.

Cavalos-marinhos

Mesmo sendo especialistas em camuflagem, a maioria das espécies de cavalos-marinhos está ameaçada de extinção em diferentes níveis, segundo a lista vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

Esses peixes estão principalmente ameaçados pela destruição de habitats e pela pesca feita com rede-de-arresto, que visa principalmente à captura do camarão.

Além disso, na Ásia, os cavalos-marinhos são capturados e vendidos secos para uso na medicina tradicional. Os animais também são usados para confecção de souvenirs e artesanatos.

Segundo a bióloga Laura Ternes, só existem três espécies de cavalos-marinhos no Brasil, todas elas ameaçadas de extinção e com a captura proibida desde 2014 pela portaria 445 do Ministério do Meio Ambiente.

“No Brasil, temos apenas 3 espécies de cavalos-marinhos, todas elas ameaças de extinção no nosso país e com captura proibida desde 2014. É possível ver na apreensão exemplares do cavalo-marinho-de-focinho-longo. Essa espécie é a mais encontrada no Brasil, e na nossa região costeira do Piauí, é encontrada principalmente em manguezais”, disse.

Conforme dados da pesquisa de doutorado de Laura, a população de cavalos-marinhos no Piauí teve uma queda de 73%, e em alguns locais, de até 84%. Os números demonstrados pelo estudo são respectivos aos anos de 2020 a 2021.

“O primeiro estudo populacional de cavalos-marinhos no Piauí foi feito no estuário de Barra Grande, em meados de 2006-2007, onde chegou a ser detectada na época uma das maiores densidades populacionais já registrada para espécie em todo o Brasil. Eu comparei meus dados recentes do doutorado com esse estudo anterior e cheguei a encontrar alarmantes declínios de 73% na população de cavalos-marinhos, sendo que em determinados locais de amostragem da pesquisa esse declínio chegou a 84%”, declarou a bióloga.

A bióloga afirmou também que os cavalos-marinhos vivem uma situação “extremamente preocupante” no estado. “A situação é percebida pelas comunidades locais e precisa de atenção das autoridades”, concluiu.

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